Desde 2008, a Colección Oxenford tem formado um seleto panorama de obras de arte contemporânea argentina das duas primeiras décadas do século XXI, às quais se somam alguns trabalhos anteriores por sua relevância para o cenário da arte contemporânea. É um conjunto composto por cerca de 550 peças que oferece uma amostra representativa das diferentes tendências estéticas que dominaram um período em que a arte argentina experimentou transformações fundamentais em suas linguagens.

Assim como em um folhetim, cada uma das três exposições que compõem Un lento venir viniendo foi concebida como um capítulo dentro de um enredo em elaboração. O projeto, cujo título corresponde a um verso do escritor argentino Macedonio Fernández, exibirá, pela primeira vez no Brasil, uma seleção de mais de 150 obras de arte contemporânea argentina, pertencentes a mais de 80 artistas que integram a Colección Oxenford.

Organizada em três capítulos diferentes, Un lento venir viniendo dedica especial atenção a uma série de situações culturais emblemáticas para os diferentes contextos nos quais serão desenvolvidas as exposições: Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre.

Sob essa premissa, este primeiro capítulo remete ao curso livre de pintura, dirigido por Ivan Serpa no MAM Rio, e à formação do Grupo Frente em meados da década de 1950. Uma abordagem que permite identificar algumas das formas de transmissão de conhecimento impulsionadas entre artistas e, a partir delas, refletir sobre os vínculos entre instituições, economia, amizade e colaboração.

Tal experiência, convertida em chave interpretativa, transmuta-se neste capítulo de Un lento venir viniendo a partir de uma exploração guiada pela noção de influência, que nos permite descobrir uma série de proximidades e rupturas na arte contemporânea argentina.

Notamos, então, como os vínculos de influência, observáveis ​​tanto na transmissão de experiências e significados, quanto nas posições entre artistas, não deram forma a um sistema linear organizado a partir de atos precursores, mas a uma estrutura complexa, diferenciada e inatual na qual as influências se multiplicam.

O mobiliário expositivo deste primeiro capítulo foi desenhado por Mariana Ferrari, Sebastián Gordín e Miguel Mitlag, artistas cujas obras também fazem parte da Colección Oxenford e estão expostas neste projeto.

Mariano Mayer

Curadoria