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Encontros Ameríndios

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São Paulo

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Sesc Vila Mariana

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31 de Julho de 2021 a 13 de Fevereiro de 2022

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O mundo proposto pela razão ocidental apresenta trânsitos e cifras jamais concebidos anteriormente. Sob a lógica da exploração produtivista, contudo, a humanidade testemunha crises como o esgotamento de ecossistemas, a saturação da atmosfera por gases de efeito estufa e o aquecimento global; sintomas que, segundo o pensador e ativista indígena Ailton Krenak, apontam para a alienação do ser humano em relação ao organismo do qual faz parte, o planeta Terra. Segundo tal panorama sobrevém a pergunta: esse itinerário — cujo destino se anuncia como abismo — ainda faz sentido? Não podemos abandonar a marcha teimosa e buscar, em outras veredas, meios para reeducar nossa postura?

Em certos territórios ao redor do globo ainda se verificam grupos capazes de viver segundo suas próprias cosmogonias. Num ato de resistência distendido por séculos, tais experiencias mostram formas distintas de considerar a realidade, em certos casos colocando o ser humano não em oposição à natureza, mas como mais um ser dentre outros, dotados, cada um deles, de humanidade. Para além do estudo antropológico, outra estratégia para se aprender com essas referências consiste em considerar suas manifestações culturais segundo critérios estéticos, não somente como objetos etnográficos. Com essa mudança de enquadramento, essas produções artísticas passam a compor o horizonte da democracia cultural, participando também de seus espaços de circulação.

De acordo com sua premissa de promover a diversidade, o Sesc realiza a exposição Encontros Ameríndios. A mostra se detém na produção de artistas provenientes de cinco povos indígenas. As cosmovisões dos Haida, Tahltan, Guna, Shipibo Konibo e Huni Kuin são postas em diálogo, segundo suas especificidades formais e conceituais. A partir da observação dessas obras, talvez possamos conhecer modos de ser e pensar preciosos para a efetivação de uma consciência cidadã tão rica quanto as práticas artísticas encontradas nos arquipélagos San Blas e Haida Gwaii, nos arredores do rio Stilkine ou na Amazônia brasileira e peruana.

DANILO SANTOS DE MIRANDA

Diretor Regional do Sesc São Paulo

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O mundo proposto pela razão ocidental apresenta trânsitos e cifras jamais concebidos anteriormente. Sob a lógica da exploração produtivista, contudo, a humanidade testemunha crises como o esgotamento de ecossistemas, a saturação da atmosfera por gases de efeito estufa e o aquecimento global; sintomas que, segundo o pensador e ativista indígena Ailton Krenak, apontam para a alienação do ser humano em relação ao organismo do qual faz parte, o planeta Terra. Segundo tal panorama sobrevém a pergunta: esse itinerário — cujo destino se anuncia como abismo — ainda faz sentido? Não podemos abandonar a marcha teimosa e buscar, em outras veredas, meios para reeducar nossa postura?

Em certos territórios ao redor do globo ainda se verificam grupos capazes de viver segundo suas próprias cosmogonias. Num ato de resistência distendido por séculos, tais experiencias mostram formas distintas de considerar a realidade, em certos casos colocando o ser humano não em oposição à natureza, mas como mais um ser dentre outros, dotados, cada um deles, de humanidade. Para além do estudo antropológico, outra estratégia para se aprender com essas referências consiste em considerar suas manifestações culturais segundo critérios estéticos, não somente como objetos etnográficos. Com essa mudança de enquadramento, essas produções artísticas passam a compor o horizonte da democracia cultural, participando também de seus espaços de circulação.

De acordo com sua premissa de promover a diversidade, o Sesc realiza a exposição Encontros Ameríndios. A mostra se detém na produção de artistas provenientes de cinco povos indígenas. As cosmovisões dos Haida, Tahltan, Guna, Shipibo Konibo e Huni Kuin são postas em diálogo, segundo suas especificidades formais e conceituais. A partir da observação dessas obras, talvez possamos conhecer modos de ser e pensar preciosos para a efetivação de uma consciência cidadã tão rica quanto as práticas artísticas encontradas nos arquipélagos San Blas e Haida Gwaii, nos arredores do rio Stilkine ou na Amazônia brasileira e peruana.

DANILO SANTOS DE MIRANDA

Diretor Regional do Sesc São Paulo

Encontros Ameríndios - diversidade e protagonismo

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Encontros Ameríndios – diversidade e protagonismo

É uma enorme satisfação ver inaugurada a exposição Encontros Ameríndios, que eu havia idealizado em 2015, e só agora, com o apoio do SESC, pode ser realizada. Em 2015 eu era diretora do Centro Universitário Maria Antonia, um centro de arte e cultura da Universidade de São Paulo. Como antropóloga, um de meus objetivos como diretora era levar ao público que frequenta o Maria Antonia a arte dos povos ameríndios, ainda pouco conhecida pelo público mais amplo.

A arte dos povos não ocidentais foi, ao longo da nossa história, diferentemente apreendida e apreciada. Nas duas primeiras décadas do século XX as vanguardas artísticas europeias começam a se interessar pela cultura de povos não ocidentais, principalmente na África e na Oceania, mas também nas Américas, que como num jogo de espelhos, poderia fazer a crítica do Ocidente no período entre guerras. É nessas sociedades que artistas europeus buscam novas fontes para a renovação de sua própria arte. Animados com esculturas, objetos e artefatos, levados aos museus etnográficos recém inaugurados na Europa, os artistas se encantavam com a expressividade no tratamento das formas da arte não europeia, até então muito marcada pelo naturalismo e o realismo. Fovistas, cubistas, surrealistas, dadaístas, apropriam-se de temas e características da arte desses povos em seu proveito. Por outro lado, é no final do século XX que as pesquisas etnográficas são apropriadas por artistas ocidentais que em seus trabalhos passam a incorporar uma nova alteridade.

No século XXI o que vemos no Brasil é a entrada em cena dos próprios artistas ameríndios nos vários campos de expressão estética: são exímios cineastas, vários se destacam na fotografia, muitos são os artistas indígenas dedicados às artes plásticas, muitos são escultores, ceramistas, há também escritores com destaque na literatura.

O que suas obras demonstram é a capacidade de resiliência desses povos indígenas. Sua arte é também resultado desta tenacidade para superar as inúmeras opressões do processo histórico de esbulho e tentativas de dominação que sofreram ao longo da história e ainda sofrem, sua capacidade de superar adversidades, sua autodeterminação. É uma arte que evidencia liberdade para com processos de tradição e renovação, em que cantos, sonhos, mitos, imagens e visões tem um papel fundamental, uma arte em que o domínio de técnicas visuais e materiais é, em certo sentido, o domínio do tempo e da história.

Nas sociedades ameríndias a troca está sempre presente de modo muito evidente. Nosso objetivo com essa exposição foi o de reunir obras de artistas contemporâneos das três Américas, muito diversos entre si, mas que tem sua história marcada por esse processo de dominação colonial. Aproximá-los para o encontro presencial e a troca ampliada era nosso objetivo. A pandemia atravessou nossos desejos e impôs a impossibilidade da presença desses artistas na exposição. A despeito dessas dificuldades, as obras destes artistas indígenas contemporâneos presentes nesses Encontros Ameríndios demonstram que a dimensão estética é uma clara evidência de sua rica diversidade cultural. Essa exposição procura igualmente anunciar o quanto os povos ameríndios são hoje protagonistas de sua própria história, mesmo num contexto social e político que insiste em usurpar seus direitos.

Sylvia Caiuby Novaes

Coordenadora

Encontros Ameríndios – diversidade e protagonismo

É uma enorme satisfação ver inaugurada a exposição Encontros Ameríndios, que eu havia idealizado em 2015, e só agora, com o apoio do SESC, pode ser realizada. Em 2015 eu era diretora do Centro Universitário Maria Antonia, um centro de arte e cultura da Universidade de São Paulo. Como antropóloga, um de meus objetivos como diretora era levar ao público que frequenta o Maria Antonia a arte dos povos ameríndios, ainda pouco conhecida pelo público mais amplo.

A arte dos povos não ocidentais foi, ao longo da nossa história, diferentemente apreendida e apreciada. Nas duas primeiras décadas do século XX as vanguardas artísticas europeias começam a se interessar pela cultura de povos não ocidentais, principalmente na África e na Oceania, mas também nas Américas, que como num jogo de espelhos, poderia fazer a crítica do Ocidente no período entre guerras. É nessas sociedades que artistas europeus buscam novas fontes para a renovação de sua própria arte. Animados com esculturas, objetos e artefatos, levados aos museus etnográficos recém inaugurados na Europa, os artistas se encantavam com a expressividade no tratamento das formas da arte não europeia, até então muito marcada pelo naturalismo e o realismo. Fovistas, cubistas, surrealistas, dadaístas, apropriam-se de temas e características da arte desses povos em seu proveito. Por outro lado, é no final do século XX que as pesquisas etnográficas são apropriadas por artistas ocidentais que em seus trabalhos passam a incorporar uma nova alteridade.

No século XXI o que vemos no Brasil é a entrada em cena dos próprios artistas ameríndios nos vários campos de expressão estética: são exímios cineastas, vários se destacam na fotografia, muitos são os artistas indígenas dedicados às artes plásticas, muitos são escultores, ceramistas, há também escritores com destaque na literatura.

O que suas obras demonstram é a capacidade de resiliência desses povos indígenas. Sua arte é também resultado desta tenacidade para superar as inúmeras opressões do processo histórico de esbulho e tentativas de dominação que sofreram ao longo da história e ainda sofrem, sua capacidade de superar adversidades, sua autodeterminação. É uma arte que evidencia liberdade para com processos de tradição e renovação, em que cantos, sonhos, mitos, imagens e visões tem um papel fundamental, uma arte em que o domínio de técnicas visuais e materiais é, em certo sentido, o domínio do tempo e da história.

Nas sociedades ameríndias a troca está sempre presente de modo muito evidente. Nosso objetivo com essa exposição foi o de reunir obras de artistas contemporâneos das três Américas, muito diversos entre si, mas que tem sua história marcada por esse processo de dominação colonial. Aproximá-los para o encontro presencial e a troca ampliada era nosso objetivo. A pandemia atravessou nossos desejos e impôs a impossibilidade da presença desses artistas na exposição. A despeito dessas dificuldades, as obras destes artistas indígenas contemporâneos presentes nesses Encontros Ameríndios demonstram que a dimensão estética é uma clara evidência de sua rica diversidade cultural. Essa exposição procura igualmente anunciar o quanto os povos ameríndios são hoje protagonistas de sua própria história, mesmo num contexto social e político que insiste em usurpar seus direitos.

Sylvia Caiuby Novaes

Coordenadora

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ENCONTROS AMERÍNDIOS

As artes indígenas contemporâneas estão em extraordinária expansão e renovação por todo o continente americano. Esta exposição é o encontro das artes de cinco povos indígenas das Américas – Guna (Arquipélago de San Blas, Panamá); Haida (Arquipélago de Haida Gwaii, Colúmbia Britânica, Canadá); Huni Kuin (Acre, Amazônia Ocidental, Brasil); Shipibo-Konibo (Lima e Amazônia Peruana); e Tahltan (Telegraph Creek e Vancouver, Colúmbia Britânica, Canadá). Encontros são meios para forjar relações de entendimento, troca, aliança e amizade. A ideia de encontro de alteridades é fundante dos mundos sociocosmológicos ameríndios. Encontros interculturais e intercomunitários são amplamente valorizados pelos índios tanto da Amazônia quanto da Colúmbia Britânica que, com suas famosas Potlatch, se reúnem para celebrar sua ancestralidade e riqueza cultural e material. Os artistas reunidos nesta exposição são os protagonistas de novas possibilidades dialógicas entre as estéticas, técnicas artísticas e criatividades ameríndias. Fortemente inspirados por conhecimentos ancestrais, esses artistas produzem visualidades singulares sobre relações cosmológicas, ecológicas e mitológicas. Embora os povos indígenas acima mencionados tenham origem em diferentes regiões do continente americano e produzam estilos artísticos muito diversos entre si, eles compartilham semelhantes experiências históricas de dominação e opressão colonial, e também de resistência comunitária e étnica.

O que hoje se considera obra de arte indígena foi outrora considerado objeto etnográfico ou simplesmente artesanato. Essa mudança sobre o reconhecimento e valorização das produções artísticas indígenas nas últimas décadas permitiu expandir uma extraordinária energia criativa e, na sua sequência, conquistar novos públicos e espaços. Tal energia criativa tem proporcionado uma importante renovação do panorama das artes globais. Esse fenômeno tem ocorrido de maneira muito expressiva na Oceania e na América do Norte.

Na América do Sul, por sua vez, inicia-se, a partir da década de 1990, um reconhecimento, lento e gradual, de pintores indígenas como criadores de um campo específico de produção de obras de arte, marcado por traduções visuais a partir de apropriações competentes de materiais e processos técnicos não indígenas. Esse campo de produção artística se expressa por meio de estilos e temas que são reconhecidos como sendo propriamente indígenas por colecionadores, acadêmicos, curadores e artistas indígenas e não indígenas. Entre esses temas, há um que destacamos nesta exposição: a representação das transformações. Mais que simplesmente um tema, a representação das transformações é uma das principais questões filosóficas das artes indígenas ameríndias, que se expressa a partir da aplicação de motivos geométricos e figurativos na superfície de corpos e coisas, como podemos ver, por exemplo, nas obras de Olinda Silvano, Wilma Maynas, Silvia Ricopa, Ronin Koshi Arias Silvano e Dora Inuma Ramírez, Gwaai e Jaalen Edenshaw, Alano Edzerza, Briseida Iglesias, Florcita Fernández e do coletivo MAHKU.

ARISTOTELES BARCELOS NETO - Curador

ENCONTROS AMERÍNDIOS

As artes indígenas contemporâneas estão em extraordinária expansão e renovação por todo o continente americano. Esta exposição é o encontro das artes de cinco povos indígenas das Américas – Guna (Arquipélago de San Blas, Panamá); Haida (Arquipélago de Haida Gwaii, Colúmbia Britânica, Canadá); Huni Kuin (Acre, Amazônia Ocidental, Brasil); Shipibo-Konibo (Lima e Amazônia Peruana); e Tahltan (Telegraph Creek e Vancouver, Colúmbia Britânica, Canadá). Encontros são meios para forjar relações de entendimento, troca, aliança e amizade. A ideia de encontro de alteridades é fundante dos mundos sociocosmológicos ameríndios. Encontros interculturais e intercomunitários são amplamente valorizados pelos índios tanto da Amazônia quanto da Colúmbia Britânica que, com suas famosas Potlatch, se reúnem para celebrar sua ancestralidade e riqueza cultural e material. Os artistas reunidos nesta exposição são os protagonistas de novas possibilidades dialógicas entre as estéticas, técnicas artísticas e criatividades ameríndias. Fortemente inspirados por conhecimentos ancestrais, esses artistas produzem visualidades singulares sobre relações cosmológicas, ecológicas e mitológicas. Embora os povos indígenas acima mencionados tenham origem em diferentes regiões do continente americano e produzam estilos artísticos muito diversos entre si, eles compartilham semelhantes experiências históricas de dominação e opressão colonial, e também de resistência comunitária e étnica.

O que hoje se considera obra de arte indígena foi outrora considerado objeto etnográfico ou simplesmente artesanato. Essa mudança sobre o reconhecimento e valorização das produções artísticas indígenas nas últimas décadas permitiu expandir uma extraordinária energia criativa e, na sua sequência, conquistar novos públicos e espaços. Tal energia criativa tem proporcionado uma importante renovação do panorama das artes globais. Esse fenômeno tem ocorrido de maneira muito expressiva na Oceania e na América do Norte.

Na América do Sul, por sua vez, inicia-se, a partir da década de 1990, um reconhecimento, lento e gradual, de pintores indígenas como criadores de um campo específico de produção de obras de arte, marcado por traduções visuais a partir de apropriações competentes de materiais e processos técnicos não indígenas. Esse campo de produção artística se expressa por meio de estilos e temas que são reconhecidos como sendo propriamente indígenas por colecionadores, acadêmicos, curadores e artistas indígenas e não indígenas. Entre esses temas, há um que destacamos nesta exposição: a representação das transformações. Mais que simplesmente um tema, a representação das transformações é uma das principais questões filosóficas das artes indígenas ameríndias, que se expressa a partir da aplicação de motivos geométricos e figurativos na superfície de corpos e coisas, como podemos ver, por exemplo, nas obras de Olinda Silvano, Wilma Maynas, Silvia Ricopa, Ronin Koshi Arias Silvano e Dora Inuma Ramírez, Gwaai e Jaalen Edenshaw, Alano Edzerza, Briseida Iglesias, Florcita Fernández e do coletivo MAHKU.

ARISTOTELES BARCELOS NETO - Curador

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Uma introdução a exposição

Introdução: Entre e seja bem-vindo.

A sua frente tem uma área inteira formada por objetos, bordados, pinturas, entre outras obras de arte.

A exposição tem um nome: Encontros Ameríndios – este nome vem do quanto é considerado um grande valor o encontro cultural e social entre os povos, o quanto é importante pois celebra-se nestes encontros a riqueza cultural e material dos envolvidos. Mas esta exposição está aqui na cidade de São Paulo, no Sesc Vila Mariana, e você também está aqui hoje se encontrando com esses povos, tornando-se mais um integrante deste Encontros Ameríndios, já pensou o quanto de você e da história da humanidade pode estar nessas obras?

Toda a área de exposição está dividida em cinco partes, cada uma destas partes expõe obras de um grupo indígena diferente, são eles Shipibo-Konibo do Peru e da Amazônia peruana, Guna do arquipélago de San Blas no Panamá, os Huni Kuin do Acre no Brasil e os povos Haida e Talthan no Canadá e Colúmbia Britânica.

As peças que compõem essa mostra foram criadas nos dias de hoje por artistas indígenas da atualidade.

Mas como uma tradição sobrevive a encontros culturais e sociais com outros povos, outras terras, novas gerações, novos tempos? Contar histórias, dançar juntos, escutar, ver, sentir são as melhores formas de passar e manter a ancestralidade de cada grupo, aqui temos comunidades, sociedades que produzem arte com a sua cosmovisão (modo particular de ver o mundo e as relações humanas).

Estes territórios compartilham de estilos artísticos diversos e de experiências históricas de dominação por colonizadores e a tentativa de desvalorização de sua cultura, corpo e sociedade, e por isso praticar a ancestralidade e mantê-la viva é continuar a fazer arte, ligada aos valores essenciais de cada povo e de cada cultura; pintar juntos, bordar, torna-se um ato de resistência comunitária.

Nesta visita juntos, iremos lhe apresentar um panorama da exposição indicando as características dos cinco povos indígenas aqui presentes.

Obra 1 – Bordado. DORA INUMA RAMÍREZ

Artistas: WILMA MAYNAS INUMA, RONIN KOSHI ARIAS SILVANO, SILVIA RICOPA, OLINDA SILVANO INUMA, DORA INUMA RAMÍREZ

Etnia: Shipibo-Konibo. Peru e Amazônia Peruana

Parte deste povo vive nas cidades urbanas e comunidades que se distribuem nas margens e afluentes do rio Ucayali que passa pela Amazônia Peruana no Peru, entre as suas principais atividades estão a pesca, a caça, o cultivo e as artes. É uma cultura relacionada com a natureza e em especial com o rio, que em suas histórias e mitologia, é tido como uma grande serpente e em sua pele estão todos os Kené, os desenhos imaginados pelos Shipibo-Konibo.

Sabe, as mulheres são as principais responsáveis pela execução dos desenhos, sendo o Kené uma arte transmitida de mãe para filha.

Cada bordado é composto por figuras geométricas, e dentro dele existem linhas circulares, podem se referir a um bosque por exemplo; e todo o recheio de cores pode representar as aves, e as partes que ocupam mais espaço podem ser o rio. As cores vermelho, amarelo e branco estão associadas ao sol; o verde, o azul e o preto associados à lua. Esses desenhos possuem vida por conta de suas cores que vibram, seus desenhos são como mapas nos mostrando todos os elementos da natureza ao seu redor como complexas redes de rios e caminhos assim como outros elementos, a lua e os animais.

Os desenhos Kené podem ser bordados ou pintados em peças de argila ou em grandes murais, também nas casas, em roupas e tê-los assim tão perto dá poder e proteção a toda a comunidade.

Atualmente as peças Kené são a base da economia de muitas cooperativas formadas por mulheres Shipibo-Konibo, mas a venda destas peças ao turismo não as torna com menor valor cultural pois os bordados continuam sendo criados dentro dos valores ancestrais e com isso as artistas continuam a manter viva sua cultura, sua história e simbologia.

Quando encontrar um desenho que te atraia mais do que tudo, com certeza este será Yacumama, sim... Yacumama, um desenho tão belo que bem sabemos: só poderia vir da pele do corpo da grande serpente Ronin, segundo as histórias de criação do mundo dos Shipibo-Konibo.

Obra 2 – “O pombo cantador que vem de longe, lá do céu, já virou jiboia” — canto de chamar a força

COLETIVO MAHKU, ALDEIA CHICO CURUMIM / TERRA INDÍGENA ALTO RIO JORDÃO / ACRE / BRASIL. NAI MÃPU YUBEKÃ, 2018

Etnia Huni Kuin. Acre, Brasil.

Seja bem-vindo. Para sentir a obra, respire. Coloque o ar para dentro, inspire, encha a barriga, pulmões, solte o ar pela boca de forma lenta e prazerosa, sorria, você está frente aos murais dos Huni Kuim.

O mural é composto por quatro partes, vamos descrever uma delas: tem um fundo azul da cor do céu e algumas figuras flutuam, partindo da esquerda para direita, primeiro um sol de brilho intenso faz fundo para algumas aves, um tecido colorido, um galho e uma cobra, na sequência temos uma árvore grande toda estilizada com bolas amarelas. Na lateral dessa árvore espalham-se vários elementos curvos, nas cores vermelho e amarelo e sem forma definida. No meio temos a imagem de uma planta nascendo de um animal das águas, parecido com a forma de um peixe.

Os Huni Kuin costumam cantar para chamar a força, inspiração e a presença de forças que vêm representadas por símbolos que contam as histórias de seu povo por meio dos murais. A tela que estamos analisando apresenta dois destes cantos “para chamar a força, as cores da miração”: pae txanima.

O primeiro canto estrutura os personagens do lado esquerdo da tela, chama-se nai mãpu yubeka: “o pombo cantador que vem de longe, lá do céu, já virou jiboia”. O sentido desta imagem é que esse pombo encantado vem de lá de cima e vai se transformando em luz, cores e imagens. É um canto forte que traz visões. Este foi o primeiro canto que Ibã aprendeu do seu pai, Tuin, que o aprendeu do seu pai, Tene.

O segundo canto de chamar a força estrutura a história contada pelos personagens presentes do lado direito da tela, chama-se Yube nawa ainbu, a mulher do povo jiboia. Este canto está ligado ao mito de origem do nixi pae. O primeiro homem que conheceu o nixi pae se encantou pela mulher do povo jiboia ao vê-la saindo do lago na forma de uma bela mulher, toda pintada com os desenhos kené. Yube Inu segue a mulher para com ela viver no lago. O povo jiboia ensina o conhecimento do cipó ao homem, que o ensinará a seu povo quando voltar de sua morada no mundo das águas.

Os artistas aqui, fazem parte de um grupo, o coletivo MAHKU e pintam juntos, a partir da prática do verbo ""chamar a força com os cantos"": para criar, para existir, para apresentar sua mitologia às novas gerações e aos outros povos.

A criação artística praticada em família é fruto de nossa cultura, memória e ancestralidade; nossos costumes, receitas de família, entre outras ações que fazemos e ensinamos às novas gerações, durante a vida. E em sua família? Quais as tradições que vocês praticam juntos?

Obra 3 – MOVING FORWARD. 2008. Alano Edzerza . Impressão sobre papel. Tahltan

Agora, você está entrando na área de obras do povo indígena Tahltan, é considerada a primeira nação do país que é conhecido hoje como Canadá.

Todas as doze obras são do mesmo artista: Alano Edzerza, nascido em 1981 pertence ao clã do Corvo da nação Tahltan, artista multimídia, sediado em West Vancouver, Colúmbia Britânica, ele é um dos protagonistas da cena artística contemporânea da costa noroeste, desenvolve sua arte a partir da junção de técnicas mais tradicionais mescladas à arte urbana e ao design.

Proprietário e diretor de galerias de arte, o artista também colabora com as organizações compostas por jovens, que assim como ele vivem entre a ancestralidade e a modernidade.

Agora que você foi apresentado, posicione-se, respire, a sua frente estão dispostas 12 obras, como pinturas eletrônicas impressas em papel, nelas estão presentes animais, seus movimentos e suas características físicas são como poderes, símbolos sagrados da força do povo Tahltan: a águia, o corvo, o urso, o salmão, o sapo; todos eles coloridos e suas formas, embora tenham sido desenhados hoje em dia, suas formas tem influência dos desenhos de animais feitos pelos antepassados de mais de oito mil anos atrás.

A águia representada na obra Moving forward (avançando), está em pleno voo, apontando seu bico para frente, à direita, com as asas abertas. A águia é a guardiã do Leste, onde tudo se origina e representa a ligação do Divino com o terrestre, o poder do Grande Espírito, representando a conexão e equilíbrio do reino espiritual com o reino físico.

Os animais, neste contexto, são definidos como nossos ancestrais pois viveram aqui na terra muito antes de nós e portanto fazem parte da simbologia dessa cultura. O Urso representa a força do grande irmão, o salmão traz a fartura, o sapo traz a capacidade viver entre dois mundos (aquático e terrestre) e assim por diante.

Os Tahltan, assim como outros povos indígenas, possuem a função de guardiões da terra, portanto expor seus símbolos sagrados nesta exposição torna-se uma ação de apresentar e manter vivo os espíritos guardiões e tudo o que eles representam.

Obra 4 - Buna Bipi. Planta Medicinal ""Aggebandur Mola"". 2020. Mola - Kuna Yala / Panamá Isla Gardi Sugdub

“Nós somos os povos das planícies. Nossas avós extraíam cores de urucum, de jenipapo e de outras substâncias das árvores. E, ainda, caroços de abacate, o abgi, o gobirgwa e raízes dos mangues para tingir os tecidos e dar cores às roupas e às redes.“

O povo Guna é uma sociedade matriarcal e as responsáveis pela técnica do bordado são as mulheres e o chamado terceiro gênero, que são os homens que desde criança demonstram interesse pelo universo feminino.

Os desenhos e as cores presentes nos bordados são visões do mundo astral, visões estas alcançadas por meio do contato com a sabedoria das chamadas plantas sagradas, vistas como um povo ancestral que residia na terra muito tempo antes dos seres humanos.

Na exposição, a área dedicada aos bordados das mulheres Guna é composta por 27 peças; nosso bordado escolhido tem 36 por 44 centímetros e é construído por camadas de tecido bordadas, feito por Bruna Bipi em 2020, e tem o título de Planta medicinal.

O bordado é composto de traços contínuos e pontiagudos que formam quatro pequenos labirintos iguais, dois na parte de cima e dois abaixo dentro do espaço total do bordado. As formas possuem contorno preto e a base do bordado possui um laranja forte que contrasta com o verde vivo das formas. Esta obra é uma mola, que na língua dos Guna significa roupa, estas peças são feitas para serem inseridas em vestimentas na região da cintura, na altura do umbigo, protegendo assim que as veste, dos maus espíritos. O ato de bordar suspende o tempo, te conectando com o fazer, a manualidade de sua ancestralidade.

Obra 5 - Filha da grande caixa. 2014. Gwaai e Jaalen Edenshaw. Haida - Canadá e Costa Sul do Alasca (EUA).

Chegamos no espaço do povo Haida, esta cultura tem em torno de 6.000 anos de existência; eles já foram milhares e hoje, por conta de consequências da colonização, são em torno de 4.500 pessoas, sendo 3.500 deles residentes no Canadá.

Gwaai e Jaleen Edenshaw são os irmãos artistas, de origem Haida, responsáveis pela construção da obra presente na exposição; o título é Filha da grande caixa, criada em 2014, ela tem 92cm de comprimento, 76,2cm de largura e 68,58cm de altura. Essa obra é uma cópia perfeita de um dos objetos mais importantes desta cultura, A grande caixa Haida, era utilizada nas Potlatch, cerimônias que as Primeiras Nações realizam para a redistribuição de riquezas e de direitos sobre territórios de caça e pesca, a confirmação do status social, a transmissão de nomes e a demonstração ritualizada de generosidade e prestígio.

O objeto é de madeira e nela foram talhadas, através de fendas, cortes e lixa, desenhos com formas arredondadas, estas são pintadas nas cores preto e vermelho com detalhes em verde água; os desenhos entalhados representam o rosto do Chefe do Mundo Submarino (Konankada) e, logo abaixo dele, a Mulher Camundongo (Kuugin Jaad), são seres da história do mundo simbólico Haida, protagonistas da criação deste mundo e mantenedores das características que formam esta cultura, suas memórias gravadas como fonte de inspiração para as novas gerações desta sociedade.

A caixa original foi levada do arquipélago Haida Gwaii, no fim do século XIX, para o Museu Pitt Rivers, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ela jamais retornou ao seu local de origem. Leis britânicas impedem seu repatriamento ao povo Haida. A produção de sua réplica foi, portanto, a solução encontrada nas negociações entre o Museu Pitt Rivers e os Haida.

Fechamento

Estamos chegando ao fim de nossa visita, o quanto sua alma leva desse Imaginário coletivo? Histórias dos avós, cantos coletivos, costuras entre familiares e amigos, festas, receitas culinárias são realidades que acolhem os segredos de nossas famílias.

Poder conhecer hoje histórias de criação de mundo, episódios da memória que passam de geração para geração como segredos é reconhecer que esses conhecimentos familiares são tão importantes quanto o conhecimento escolar e universitário e que o mundo em que vivemos pode e deve ser habitado por grupos diversos, com sabedorias diversas, diferentes corpos, pensamentos, expressões artísticas, nenhum melhor que o outro.

E você? Quais as histórias que marcaram sua família? Por quais terras passaram seus bisavós? Existem partes da história da sua família que lhe são desconhecidas? A existência humana é formada por um grande quebra cabeças formado por povos de várias partes do planeta.

Esta exposição traz a possibilidade de nos resgatarmos em nossas memórias, podemos não saber tudo de nossos ancestrais mas podemos sentir, acolher o que mais nos impressionou e sensibilizou durante esta visita e isso de alguma forma, será parte importante de nós, das histórias da humanidade.

Muito obrigada pela sua visita conosco.

Uma introdução a exposição

Introdução: Entre e seja bem-vindo.

A sua frente tem uma área inteira formada por objetos, bordados, pinturas, entre outras obras de arte.

A exposição tem um nome: Encontros Ameríndios – este nome vem do quanto é considerado um grande valor o encontro cultural e social entre os povos, o quanto é importante pois celebra-se nestes encontros a riqueza cultural e material dos envolvidos. Mas esta exposição está aqui na cidade de São Paulo, no Sesc Vila Mariana, e você também está aqui hoje se encontrando com esses povos, tornando-se mais um integrante deste Encontros Ameríndios, já pensou o quanto de você e da história da humanidade pode estar nessas obras?

Toda a área de exposição está dividida em cinco partes, cada uma destas partes expõe obras de um grupo indígena diferente, são eles Shipibo-Konibo do Peru e da Amazônia peruana, Guna do arquipélago de San Blas no Panamá, os Huni Kuin do Acre no Brasil e os povos Haida e Talthan no Canadá e Colúmbia Britânica.

As peças que compõem essa mostra foram criadas nos dias de hoje por artistas indígenas da atualidade.

Mas como uma tradição sobrevive a encontros culturais e sociais com outros povos, outras terras, novas gerações, novos tempos? Contar histórias, dançar juntos, escutar, ver, sentir são as melhores formas de passar e manter a ancestralidade de cada grupo, aqui temos comunidades, sociedades que produzem arte com a sua cosmovisão (modo particular de ver o mundo e as relações humanas).

Estes territórios compartilham de estilos artísticos diversos e de experiências históricas de dominação por colonizadores e a tentativa de desvalorização de sua cultura, corpo e sociedade, e por isso praticar a ancestralidade e mantê-la viva é continuar a fazer arte, ligada aos valores essenciais de cada povo e de cada cultura; pintar juntos, bordar, torna-se um ato de resistência comunitária.

Nesta visita juntos, iremos lhe apresentar um panorama da exposição indicando as características dos cinco povos indígenas aqui presentes.

Obra 1 – Bordado. DORA INUMA RAMÍREZ

Artistas: WILMA MAYNAS INUMA, RONIN KOSHI ARIAS SILVANO, SILVIA RICOPA, OLINDA SILVANO INUMA, DORA INUMA RAMÍREZ

Etnia: Shipibo-Konibo. Peru e Amazônia Peruana

Parte deste povo vive nas cidades urbanas e comunidades que se distribuem nas margens e afluentes do rio Ucayali que passa pela Amazônia Peruana no Peru, entre as suas principais atividades estão a pesca, a caça, o cultivo e as artes. É uma cultura relacionada com a natureza e em especial com o rio, que em suas histórias e mitologia, é tido como uma grande serpente e em sua pele estão todos os Kené, os desenhos imaginados pelos Shipibo-Konibo.

Sabe, as mulheres são as principais responsáveis pela execução dos desenhos, sendo o Kené uma arte transmitida de mãe para filha.

Cada bordado é composto por figuras geométricas, e dentro dele existem linhas circulares, podem se referir a um bosque por exemplo; e todo o recheio de cores pode representar as aves, e as partes que ocupam mais espaço podem ser o rio. As cores vermelho, amarelo e branco estão associadas ao sol; o verde, o azul e o preto associados à lua. Esses desenhos possuem vida por conta de suas cores que vibram, seus desenhos são como mapas nos mostrando todos os elementos da natureza ao seu redor como complexas redes de rios e caminhos assim como outros elementos, a lua e os animais.

Os desenhos Kené podem ser bordados ou pintados em peças de argila ou em grandes murais, também nas casas, em roupas e tê-los assim tão perto dá poder e proteção a toda a comunidade.

Atualmente as peças Kené são a base da economia de muitas cooperativas formadas por mulheres Shipibo-Konibo, mas a venda destas peças ao turismo não as torna com menor valor cultural pois os bordados continuam sendo criados dentro dos valores ancestrais e com isso as artistas continuam a manter viva sua cultura, sua história e simbologia.

Quando encontrar um desenho que te atraia mais do que tudo, com certeza este será Yacumama, sim... Yacumama, um desenho tão belo que bem sabemos: só poderia vir da pele do corpo da grande serpente Ronin, segundo as histórias de criação do mundo dos Shipibo-Konibo.

Obra 2 – “O pombo cantador que vem de longe, lá do céu, já virou jiboia” — canto de chamar a força

COLETIVO MAHKU, ALDEIA CHICO CURUMIM / TERRA INDÍGENA ALTO RIO JORDÃO / ACRE / BRASIL. NAI MÃPU YUBEKÃ, 2018

Etnia Huni Kuin. Acre, Brasil.

Seja bem-vindo. Para sentir a obra, respire. Coloque o ar para dentro, inspire, encha a barriga, pulmões, solte o ar pela boca de forma lenta e prazerosa, sorria, você está frente aos murais dos Huni Kuim.

O mural é composto por quatro partes, vamos descrever uma delas: tem um fundo azul da cor do céu e algumas figuras flutuam, partindo da esquerda para direita, primeiro um sol de brilho intenso faz fundo para algumas aves, um tecido colorido, um galho e uma cobra, na sequência temos uma árvore grande toda estilizada com bolas amarelas. Na lateral dessa árvore espalham-se vários elementos curvos, nas cores vermelho e amarelo e sem forma definida. No meio temos a imagem de uma planta nascendo de um animal das águas, parecido com a forma de um peixe.

Os Huni Kuin costumam cantar para chamar a força, inspiração e a presença de forças que vêm representadas por símbolos que contam as histórias de seu povo por meio dos murais. A tela que estamos analisando apresenta dois destes cantos “para chamar a força, as cores da miração”: pae txanima.

O primeiro canto estrutura os personagens do lado esquerdo da tela, chama-se nai mãpu yubeka: “o pombo cantador que vem de longe, lá do céu, já virou jiboia”. O sentido desta imagem é que esse pombo encantado vem de lá de cima e vai se transformando em luz, cores e imagens. É um canto forte que traz visões. Este foi o primeiro canto que Ibã aprendeu do seu pai, Tuin, que o aprendeu do seu pai, Tene.

O segundo canto de chamar a força estrutura a história contada pelos personagens presentes do lado direito da tela, chama-se Yube nawa ainbu, a mulher do povo jiboia. Este canto está ligado ao mito de origem do nixi pae. O primeiro homem que conheceu o nixi pae se encantou pela mulher do povo jiboia ao vê-la saindo do lago na forma de uma bela mulher, toda pintada com os desenhos kené. Yube Inu segue a mulher para com ela viver no lago. O povo jiboia ensina o conhecimento do cipó ao homem, que o ensinará a seu povo quando voltar de sua morada no mundo das águas.

Os artistas aqui, fazem parte de um grupo, o coletivo MAHKU e pintam juntos, a partir da prática do verbo ""chamar a força com os cantos"": para criar, para existir, para apresentar sua mitologia às novas gerações e aos outros povos.

A criação artística praticada em família é fruto de nossa cultura, memória e ancestralidade; nossos costumes, receitas de família, entre outras ações que fazemos e ensinamos às novas gerações, durante a vida. E em sua família? Quais as tradições que vocês praticam juntos?

Obra 3 – MOVING FORWARD. 2008. Alano Edzerza . Impressão sobre papel. Tahltan

Agora, você está entrando na área de obras do povo indígena Tahltan, é considerada a primeira nação do país que é conhecido hoje como Canadá.

Todas as doze obras são do mesmo artista: Alano Edzerza, nascido em 1981 pertence ao clã do Corvo da nação Tahltan, artista multimídia, sediado em West Vancouver, Colúmbia Britânica, ele é um dos protagonistas da cena artística contemporânea da costa noroeste, desenvolve sua arte a partir da junção de técnicas mais tradicionais mescladas à arte urbana e ao design.

Proprietário e diretor de galerias de arte, o artista também colabora com as organizações compostas por jovens, que assim como ele vivem entre a ancestralidade e a modernidade.

Agora que você foi apresentado, posicione-se, respire, a sua frente estão dispostas 12 obras, como pinturas eletrônicas impressas em papel, nelas estão presentes animais, seus movimentos e suas características físicas são como poderes, símbolos sagrados da força do povo Tahltan: a águia, o corvo, o urso, o salmão, o sapo; todos eles coloridos e suas formas, embora tenham sido desenhados hoje em dia, suas formas tem influência dos desenhos de animais feitos pelos antepassados de mais de oito mil anos atrás.

A águia representada na obra Moving forward (avançando), está em pleno voo, apontando seu bico para frente, à direita, com as asas abertas. A águia é a guardiã do Leste, onde tudo se origina e representa a ligação do Divino com o terrestre, o poder do Grande Espírito, representando a conexão e equilíbrio do reino espiritual com o reino físico.

Os animais, neste contexto, são definidos como nossos ancestrais pois viveram aqui na terra muito antes de nós e portanto fazem parte da simbologia dessa cultura. O Urso representa a força do grande irmão, o salmão traz a fartura, o sapo traz a capacidade viver entre dois mundos (aquático e terrestre) e assim por diante.

Os Tahltan, assim como outros povos indígenas, possuem a função de guardiões da terra, portanto expor seus símbolos sagrados nesta exposição torna-se uma ação de apresentar e manter vivo os espíritos guardiões e tudo o que eles representam.

Obra 4 - Buna Bipi. Planta Medicinal ""Aggebandur Mola"". 2020. Mola - Kuna Yala / Panamá Isla Gardi Sugdub

“Nós somos os povos das planícies. Nossas avós extraíam cores de urucum, de jenipapo e de outras substâncias das árvores. E, ainda, caroços de abacate, o abgi, o gobirgwa e raízes dos mangues para tingir os tecidos e dar cores às roupas e às redes.“

O povo Guna é uma sociedade matriarcal e as responsáveis pela técnica do bordado são as mulheres e o chamado terceiro gênero, que são os homens que desde criança demonstram interesse pelo universo feminino.

Os desenhos e as cores presentes nos bordados são visões do mundo astral, visões estas alcançadas por meio do contato com a sabedoria das chamadas plantas sagradas, vistas como um povo ancestral que residia na terra muito tempo antes dos seres humanos.

Na exposição, a área dedicada aos bordados das mulheres Guna é composta por 27 peças; nosso bordado escolhido tem 36 por 44 centímetros e é construído por camadas de tecido bordadas, feito por Bruna Bipi em 2020, e tem o título de Planta medicinal.

O bordado é composto de traços contínuos e pontiagudos que formam quatro pequenos labirintos iguais, dois na parte de cima e dois abaixo dentro do espaço total do bordado. As formas possuem contorno preto e a base do bordado possui um laranja forte que contrasta com o verde vivo das formas. Esta obra é uma mola, que na língua dos Guna significa roupa, estas peças são feitas para serem inseridas em vestimentas na região da cintura, na altura do umbigo, protegendo assim que as veste, dos maus espíritos. O ato de bordar suspende o tempo, te conectando com o fazer, a manualidade de sua ancestralidade.

Obra 5 - Filha da grande caixa. 2014. Gwaai e Jaalen Edenshaw. Haida - Canadá e Costa Sul do Alasca (EUA).

Chegamos no espaço do povo Haida, esta cultura tem em torno de 6.000 anos de existência; eles já foram milhares e hoje, por conta de consequências da colonização, são em torno de 4.500 pessoas, sendo 3.500 deles residentes no Canadá.

Gwaai e Jaleen Edenshaw são os irmãos artistas, de origem Haida, responsáveis pela construção da obra presente na exposição; o título é Filha da grande caixa, criada em 2014, ela tem 92cm de comprimento, 76,2cm de largura e 68,58cm de altura. Essa obra é uma cópia perfeita de um dos objetos mais importantes desta cultura, A grande caixa Haida, era utilizada nas Potlatch, cerimônias que as Primeiras Nações realizam para a redistribuição de riquezas e de direitos sobre territórios de caça e pesca, a confirmação do status social, a transmissão de nomes e a demonstração ritualizada de generosidade e prestígio.

O objeto é de madeira e nela foram talhadas, através de fendas, cortes e lixa, desenhos com formas arredondadas, estas são pintadas nas cores preto e vermelho com detalhes em verde água; os desenhos entalhados representam o rosto do Chefe do Mundo Submarino (Konankada) e, logo abaixo dele, a Mulher Camundongo (Kuugin Jaad), são seres da história do mundo simbólico Haida, protagonistas da criação deste mundo e mantenedores das características que formam esta cultura, suas memórias gravadas como fonte de inspiração para as novas gerações desta sociedade.

A caixa original foi levada do arquipélago Haida Gwaii, no fim do século XIX, para o Museu Pitt Rivers, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ela jamais retornou ao seu local de origem. Leis britânicas impedem seu repatriamento ao povo Haida. A produção de sua réplica foi, portanto, a solução encontrada nas negociações entre o Museu Pitt Rivers e os Haida.

Fechamento

Estamos chegando ao fim de nossa visita, o quanto sua alma leva desse Imaginário coletivo? Histórias dos avós, cantos coletivos, costuras entre familiares e amigos, festas, receitas culinárias são realidades que acolhem os segredos de nossas famílias.

Poder conhecer hoje histórias de criação de mundo, episódios da memória que passam de geração para geração como segredos é reconhecer que esses conhecimentos familiares são tão importantes quanto o conhecimento escolar e universitário e que o mundo em que vivemos pode e deve ser habitado por grupos diversos, com sabedorias diversas, diferentes corpos, pensamentos, expressões artísticas, nenhum melhor que o outro.

E você? Quais as histórias que marcaram sua família? Por quais terras passaram seus bisavós? Existem partes da história da sua família que lhe são desconhecidas? A existência humana é formada por um grande quebra cabeças formado por povos de várias partes do planeta.

Esta exposição traz a possibilidade de nos resgatarmos em nossas memórias, podemos não saber tudo de nossos ancestrais mas podemos sentir, acolher o que mais nos impressionou e sensibilizou durante esta visita e isso de alguma forma, será parte importante de nós, das histórias da humanidade.

Muito obrigada pela sua visita conosco.

Tahltan

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Tahltan.

Os Tahltan e sua história.

Os Tahltan são uma Primeira Nação (“First Nation”) do Canadá. Seu território situa-se, desde tempos imemoriais, ao redor do rio Stikine, no noroeste da Colúmbia Britânica. Seu território oficialmente demarcado abrange uma área de 93.500 km², ou seja, ligeiramente maior que Portugal. No início do século XX, a população tahltan foi devastada por epidemias e, em consequência disso, chegou a menos de trezentas pessoas. Essa acentuada queda demográfica, juntamente com a aplicação de políticas anti-indígenas pelo Estado canadense, resultou em grandes disrupções territoriais para o povo Tahltan. Como ocorre com muitos outros povos indígenas das Américas, o relacionamento entre os Tahltan e a terra é marcado por um profundo respeito pela terra como provedora da vida. Por essa razão, os Tahltan têm uma forte convicção de seu papel como guardiães da terra, da qual obtêm seu sustento material e espiritual. A governança política tradicional tahltan está organizada em torno do sistema da família/clã, no caso, dividido em dois clãs: o do Corvo (Tsesk’iya) e o do Lobo (Ch’ioyone). Cada clã se subdivide em vários grupos familiares. Os mitos sobre o Corvo ancestral continuam a guiar o povo Tahltan sobre a melhor maneira de conduzir a vida, orientando princípios de autodeterminação, generosidade e cuidado comunitário.

ARISTOTELES BARCELOS NETO - Curador

ALANO EDZERZA

Nascido em 1981, Alano Edzerza pertence ao clã do Corvo da Nação Tahltan. Artista multimídia, sediado em Vancouver, ele é um dos protagonistas da cena artística contemporânea da costa noroeste.

Proprietário e diretor da Edzerza Gallery, Alano administra seu próprio negócio desde 2007. O artista colabora com as organizações juvenis KAYA (Associação de Jovens Aborígenes), Escola Freies Design de Arte Nativa da Costa Noroeste e a NYAC (Coletivo de Artes da Juventude Nativa). Aos treze anos, recebeu da Victoria School Board seu primeiro prêmio de escultura e, em 2009, recebeu o prêmio de empreendedor do ano. Alano é autodidata e aprendeu muito do que sabe a partir da observação. Pesquisou em vídeos na internet trabalhos inspiradores de outros artistas escultores e desenvolveu sua arte a partir da junção de técnicas mais tradicionais mescladas à arte urbana e ao design. Em suas obras, Alano capta o movimento e as particularidades de animais que são símbolos sagrados para seu povo, como, por exemplo, a águia, o urso, o salmão, o sapo, entre outros. A obra de Alano realiza uma renovação muito criativa do panorama das artes indígenas na América do Norte. O mundo urbano no qual vive está presente em cada trabalho desse artista que se deixa ser atingido pelos elementos que o cercam. Aqui, tradição e renovação não estão em paralelo, mas sim em relação e trânsito.

CRISTIANE FERRARI - Sesc São Paulo

SARA CENTOFANTE - Sesc São Paulo

Tahltan.

Os Tahltan e sua história.

Os Tahltan são uma Primeira Nação (“First Nation”) do Canadá. Seu território situa-se, desde tempos imemoriais, ao redor do rio Stikine, no noroeste da Colúmbia Britânica. Seu território oficialmente demarcado abrange uma área de 93.500 km², ou seja, ligeiramente maior que Portugal. No início do século XX, a população tahltan foi devastada por epidemias e, em consequência disso, chegou a menos de trezentas pessoas. Essa acentuada queda demográfica, juntamente com a aplicação de políticas anti-indígenas pelo Estado canadense, resultou em grandes disrupções territoriais para o povo Tahltan. Como ocorre com muitos outros povos indígenas das Américas, o relacionamento entre os Tahltan e a terra é marcado por um profundo respeito pela terra como provedora da vida. Por essa razão, os Tahltan têm uma forte convicção de seu papel como guardiães da terra, da qual obtêm seu sustento material e espiritual. A governança política tradicional tahltan está organizada em torno do sistema da família/clã, no caso, dividido em dois clãs: o do Corvo (Tsesk’iya) e o do Lobo (Ch’ioyone). Cada clã se subdivide em vários grupos familiares. Os mitos sobre o Corvo ancestral continuam a guiar o povo Tahltan sobre a melhor maneira de conduzir a vida, orientando princípios de autodeterminação, generosidade e cuidado comunitário.

ARISTOTELES BARCELOS NETO - Curador

ALANO EDZERZA

Nascido em 1981, Alano Edzerza pertence ao clã do Corvo da Nação Tahltan. Artista multimídia, sediado em Vancouver, ele é um dos protagonistas da cena artística contemporânea da costa noroeste.

Proprietário e diretor da Edzerza Gallery, Alano administra seu próprio negócio desde 2007. O artista colabora com as organizações juvenis KAYA (Associação de Jovens Aborígenes), Escola Freies Design de Arte Nativa da Costa Noroeste e a NYAC (Coletivo de Artes da Juventude Nativa). Aos treze anos, recebeu da Victoria School Board seu primeiro prêmio de escultura e, em 2009, recebeu o prêmio de empreendedor do ano. Alano é autodidata e aprendeu muito do que sabe a partir da observação. Pesquisou em vídeos na internet trabalhos inspiradores de outros artistas escultores e desenvolveu sua arte a partir da junção de técnicas mais tradicionais mescladas à arte urbana e ao design. Em suas obras, Alano capta o movimento e as particularidades de animais que são símbolos sagrados para seu povo, como, por exemplo, a águia, o urso, o salmão, o sapo, entre outros. A obra de Alano realiza uma renovação muito criativa do panorama das artes indígenas na América do Norte. O mundo urbano no qual vive está presente em cada trabalho desse artista que se deixa ser atingido pelos elementos que o cercam. Aqui, tradição e renovação não estão em paralelo, mas sim em relação e trânsito.

CRISTIANE FERRARI - Sesc São Paulo

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Vídeo Tahltan

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Wise Frog (Sapo Sábio), 2008

Alano Edzerza

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Alano Edzerza

Wise Frog (Sapo Sábio)

2008

Impressão sobre papel

45,72 x 46,99 cm

Wise Frog - Sapo Sábio

A obra de Alano Edzerza, artista pertencente ao clã do Corvo da Nação Tahltan, foi produzida em 2008 e trata-se de uma impressão sobre papel com 46 centímetros de altura por 47 centímetros de largura.

De um fundo totalmente negro destaca-se uma forma praticamente circular em um forte tom verde limão, com alguns traços em verde oliva. Espaços vazados deixam o fundo preto aparecer e toda a composição retrata um sapo visto de frente, com as patas traseiras dobradas, a grande cabeça ao centro e as patas dianteiras colocadas circularmente à frente da cabeça.

As patas traseiras são vistas na parte superior da obra e os grafismos e formas ovaladas que as compõem são perfeitamente iguais e espelhados à direita e à esquerda.

A cabeça ao centro, traz duas cavidades negras de onde saltam grandes olhos em verde oliva com espaços vazados em preto, também iguais e espelhados. Entre os olhos, uma forma oval e vertical, com uma pequena onda horizontal abaixo, assemelha-se a um nariz e, mais embaixo, outra forma ovalada aberta traça uma grande boca que parece sorrir para quem o observa, fazendo com que esse sapo tenha o aspecto de um rosto quase humano.

As patas dianteiras arredondam-se e ocupam a parte inferior da obra e, assim como as outras partes, suas cores não contêm nuances e os grafismos são iguais e espelhados nos dois lados.

A figura do animal, que é carregada de ancestralidade e representa a capacidade de viver no mundo terrestre e no mundo aquático, é mostrada aqui como uma imagem contemporânea, realizada com técnica que mescla a arte urbana e o design, renovando o que se entende por arte indígena.

Wise Frog - Sapo Sábio

A obra de Alano Edzerza, artista pertencente ao clã do Corvo da Nação Tahltan, foi produzida em 2008 e trata-se de uma impressão sobre papel com 46 centímetros de altura por 47 centímetros de largura.

De um fundo totalmente negro destaca-se uma forma praticamente circular em um forte tom verde limão, com alguns traços em verde oliva. Espaços vazados deixam o fundo preto aparecer e toda a composição retrata um sapo visto de frente, com as patas traseiras dobradas, a grande cabeça ao centro e as patas dianteiras colocadas circularmente à frente da cabeça.

As patas traseiras são vistas na parte superior da obra e os grafismos e formas ovaladas que as compõem são perfeitamente iguais e espelhados à direita e à esquerda.

A cabeça ao centro, traz duas cavidades negras de onde saltam grandes olhos em verde oliva com espaços vazados em preto, também iguais e espelhados. Entre os olhos, uma forma oval e vertical, com uma pequena onda horizontal abaixo, assemelha-se a um nariz e, mais embaixo, outra forma ovalada aberta traça uma grande boca que parece sorrir para quem o observa, fazendo com que esse sapo tenha o aspecto de um rosto quase humano.

As patas dianteiras arredondam-se e ocupam a parte inferior da obra e, assim como as outras partes, suas cores não contêm nuances e os grafismos são iguais e espelhados nos dois lados.

A figura do animal, que é carregada de ancestralidade e representa a capacidade de viver no mundo terrestre e no mundo aquático, é mostrada aqui como uma imagem contemporânea, realizada com técnica que mescla a arte urbana e o design, renovando o que se entende por arte indígena.

Hummingbird (Beija-flor), 2007

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Alano Edzerza

Hummingbird (Beija-flor)

2007

Impressão sobre papel

30,48 x 60,96 cm

Hummingbird - Beija-flor

A impressão sobre papel, de 30 centímetros de altura por 60 centímetros de largura, foi produzida por Alano Edzerza em 2007.

O jovem artista multimídia, sediado em West Vancouver, Colúmbia Britânica, Canadá, é um dos protagonistas da cena artística contemporânea da costa noroeste. O artista que colabora com as organizações juvenis KAYA (Associação de Jovens Aborígenes), Escola Freies Design de Arte Nativa da Costa Noroeste e a NYAC (Coletivo de Artes da Juventude Nativa), recebeu da Victoria School Board seu primeiro prêmio de escultura, aos treze anos de idade.

Alano é autodidata e aprendeu muito do que sabe a partir da observação e, nessa obra, nos convida a apreciar o delicado voo de um beija-flor.

Sobre um fundo branco, a ave composta por traços em tom de vermelho terroso, formas vazadas que deixam transparecer o fundo branco e alguns traços e grafismos pretos, abre suas grandes asas.

Do lado direito a asa está bastante exposta e tem em sua base uma forma ovalada branca com outra forma ovalada preta no centro, lembrando uma pena, e em sua ponta apresenta três reentrâncias que trazem para a obra contemporânea e gráfica a presença da natureza da ave.

Do lado esquerdo a asa está semi coberta pelo corpo do beija-flor e tem na ponta a mesma aparência das penas, só que agora formada por quatro reentrâncias.

O corpo da ave está de lado com a cabeça ligeiramente inclinada e o bico alongado apontando para baixo. Suas pequenas patas em forma de U invertido se encontram no centro do corpo e uma cauda composta por fortes traços vermelhos desponta volumosa encerrando a imagem.

Alano capta nesta obra o movimento e as particularidades do beija-flor, perpetuando o seu voo em cores, linhas e grafismos e colocando em relação a natureza e a arte urbana.

Hummingbird - Beija-flor

A impressão sobre papel, de 30 centímetros de altura por 60 centímetros de largura, foi produzida por Alano Edzerza em 2007.

O jovem artista multimídia, sediado em West Vancouver, Colúmbia Britânica, Canadá, é um dos protagonistas da cena artística contemporânea da costa noroeste. O artista que colabora com as organizações juvenis KAYA (Associação de Jovens Aborígenes), Escola Freies Design de Arte Nativa da Costa Noroeste e a NYAC (Coletivo de Artes da Juventude Nativa), recebeu da Victoria School Board seu primeiro prêmio de escultura, aos treze anos de idade.

Alano é autodidata e aprendeu muito do que sabe a partir da observação e, nessa obra, nos convida a apreciar o delicado voo de um beija-flor.

Sobre um fundo branco, a ave composta por traços em tom de vermelho terroso, formas vazadas que deixam transparecer o fundo branco e alguns traços e grafismos pretos, abre suas grandes asas.

Do lado direito a asa está bastante exposta e tem em sua base uma forma ovalada branca com outra forma ovalada preta no centro, lembrando uma pena, e em sua ponta apresenta três reentrâncias que trazem para a obra contemporânea e gráfica a presença da natureza da ave.

Do lado esquerdo a asa está semi coberta pelo corpo do beija-flor e tem na ponta a mesma aparência das penas, só que agora formada por quatro reentrâncias.

O corpo da ave está de lado com a cabeça ligeiramente inclinada e o bico alongado apontando para baixo. Suas pequenas patas em forma de U invertido se encontram no centro do corpo e uma cauda composta por fortes traços vermelhos desponta volumosa encerrando a imagem.

Alano capta nesta obra o movimento e as particularidades do beija-flor, perpetuando o seu voo em cores, linhas e grafismos e colocando em relação a natureza e a arte urbana.

Haida

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Haida

Os Haida e sua história.

Os Haida são um povo indígena originário (Primeira Nação), que vive na costa norte da Colúmbia Britânica (Canadá) e na costa sul do Alasca (Estados Unidos).

Os Haida do Alasca são chamados de Kaigani. O território ancestral dos Haida compreende o arquipélago de Haida Gwaii, na Colúmbia Britânica, onde eles vivem permanentemente há pelos menos 6 mil anos. Os Haida, assim como muitos outros povos ameríndios, foram tragicamente afetados pelo sistema colonial europeu.

Na década de 1870, o governo canadense criou o sistema de escolas residenciais, que retirou milhares de crianças indígenas da custódia de seus pais e, em 1885, as cerimônias religiosas indígenas foram banidas por lei. Milhares de objetos sagrados foram confiscados pelo Estado canadense ou foram comprados por colecionadores. Apesar dos efeitos devastadores que essas políticas de assimilação forçada tiveram sobre os Haida e demais Primeiras Nações, o espírito de resistência prevaleceu e, a partir da década de 1950, iniciou-se um reavivamento das culturas indígenas da Colúmbia Britânica, tendo no artista haida Bill Reid um de seus principais personagens. Os Haida estão hoje organizados politicamente pelo Conselho da Nação Haida. O Conselho tem como uma de suas principais atribuições o cuidado e manejo dos recursos e patrimônios naturais do território haida. Já o Centro para o Patrimônio Haida atua, juntamente com o Museu Haida Gwaii, na proteção, promoção, ensino e difusão das artes e cultura haida, e trabalha ativamente, com vários parceiros, para o estabelecimento de políticas efetivas de repatriação de seus objetos sagrados e dos restos mortais de seus ancestrais.

ARISTOTELES BARCELOS NETO - Curador

A grande caixa Haida.

Filha da grande caixa, obra dos irmãos Gwaai e Jaalen Edenshaw, é uma réplica da caixa original, levada do arquipélago Haida Gwaii, no fim do século XIX, para o Museu Pitt Rivers, da Universidade de Oxford.

Considerada uma obra-prima da arte haida e importante fonte de inspiração para novas gerações de artistas haida, a Caixa jamais retornou ao seu local de origem.

Leis britânicas impedem seu repatriamento ao povo Haida. A produção de sua réplica foi, portanto, a solução encontrada nas negociações entre o Museu Pitt Rivers e os Haida. Os desenhos entalhados representam o rosto do Chefe do Mundo Submarino (Konankada) e, logo abaixo dele, a Mulher Camundongo (Kuugin Jaad). Filha da grande caixa é um objeto de suma importância nas Potlatch, cerimônias que as Primeiras Nações realizam para a redistribuição de riquezas e de direitos sobre territórios de caça e pesca, a confirmação do status social, a transmissão de nomes e a demonstração ritualizada de generosidade e prestígio.

ARISTOTELES BARCELOS NETO - Curador

Haida

Os Haida e sua história.

Os Haida são um povo indígena originário (Primeira Nação), que vive na costa norte da Colúmbia Britânica (Canadá) e na costa sul do Alasca (Estados Unidos).

Os Haida do Alasca são chamados de Kaigani. O território ancestral dos Haida compreende o arquipélago de Haida Gwaii, na Colúmbia Britânica, onde eles vivem permanentemente há pelos menos 6 mil anos. Os Haida, assim como muitos outros povos ameríndios, foram tragicamente afetados pelo sistema colonial europeu.

Na década de 1870, o governo canadense criou o sistema de escolas residenciais, que retirou milhares de crianças indígenas da custódia de seus pais e, em 1885, as cerimônias religiosas indígenas foram banidas por lei. Milhares de objetos sagrados foram confiscados pelo Estado canadense ou foram comprados por colecionadores. Apesar dos efeitos devastadores que essas políticas de assimilação forçada tiveram sobre os Haida e demais Primeiras Nações, o espírito de resistência prevaleceu e, a partir da década de 1950, iniciou-se um reavivamento das culturas indígenas da Colúmbia Britânica, tendo no artista haida Bill Reid um de seus principais personagens. Os Haida estão hoje organizados politicamente pelo Conselho da Nação Haida. O Conselho tem como uma de suas principais atribuições o cuidado e manejo dos recursos e patrimônios naturais do território haida. Já o Centro para o Patrimônio Haida atua, juntamente com o Museu Haida Gwaii, na proteção, promoção, ensino e difusão das artes e cultura haida, e trabalha ativamente, com vários parceiros, para o estabelecimento de políticas efetivas de repatriação de seus objetos sagrados e dos restos mortais de seus ancestrais.

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A grande caixa Haida.

Filha da grande caixa, obra dos irmãos Gwaai e Jaalen Edenshaw, é uma réplica da caixa original, levada do arquipélago Haida Gwaii, no fim do século XIX, para o Museu Pitt Rivers, da Universidade de Oxford.

Considerada uma obra-prima da arte haida e importante fonte de inspiração para novas gerações de artistas haida, a Caixa jamais retornou ao seu local de origem.

Leis britânicas impedem seu repatriamento ao povo Haida. A produção de sua réplica foi, portanto, a solução encontrada nas negociações entre o Museu Pitt Rivers e os Haida. Os desenhos entalhados representam o rosto do Chefe do Mundo Submarino (Konankada) e, logo abaixo dele, a Mulher Camundongo (Kuugin Jaad). Filha da grande caixa é um objeto de suma importância nas Potlatch, cerimônias que as Primeiras Nações realizam para a redistribuição de riquezas e de direitos sobre territórios de caça e pesca, a confirmação do status social, a transmissão de nomes e a demonstração ritualizada de generosidade e prestígio.

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Vídeo Haida

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Child of the Great Box (Filha da Grande Caixa), 2014

Gwaai e Jaleen Edenshaw

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Gwaai e Jaleen Edenshaw

Child of the Great Box

Filha da Grande Caixa

2014

Escultura em madeira

121,92 x 76,2 x 68,58 cm

Child of the Great Box - Filha da Grande Caixa

A obra é uma escultura em madeira feita em 2014 pelos irmãos Gwaai e Jaleen Edenshaw, membros do povo indígena Haida que vive na costa norte da Colúmbia Britânica no Canadá e na costa sul do Alasca nos Estados Unidos. A escultura é uma réplica da caixa original, levada do arquipélago Haida Gwaii, no fim do século XIX, para o Museu Pitt Rivers, da Universidade de Oxford, e tem 76 centímetros de altura por um metro e 21 centímetros de largura e 68 centímetros de profundidade.

Trata-se de uma caixa que tem um de seus lados esculpido por representações do rosto do Chefe do Mundo Submarino e da Mulher Camundongo. Não são representações literais, mas sim grafismos esculpidos em baixo relevo, pintados em vermelho, preto e azul claro, que remetem a essas duas entidades.

O que a obra desperta é um efeito chamado pareidolia, que é quando observamos algum objeto e identificamos nele as características de um rosto. Na obra este efeito é intencional, principalmente pela simetria espelhada das formas arredondadas que se apresentam à direita e à esquerda da escultura. Estas formas arredondadas e circulares remetem a olhos e bocas e estão dispostas de modo que, por mais abstratas que sejam, se assemelham a rostos que nos observam com seus vários olhos e sorriem para nós. Há também formas mais longilíneas remetendo a mãos e dedos.

O que temos, mais objetivamente, são contornos pretos mais grossos contornando essas áreas que parecem rostos e olhos, traços vermelhos mais finos fazendo contornos mais delicados e formas alongadas que remetem a mãos, um azul clarinho que preenche essas formas e espaços onde às vezes não há nenhuma tinta, ficando evidente o fundo marrom claro da madeira.

A obra causa um potente efeito de reconhecimento do rosto de figuras humanas que nos observam de sua perspectiva multifacetada.

Child of the Great Box - Filha da Grande Caixa

A obra é uma escultura em madeira feita em 2014 pelos irmãos Gwaai e Jaleen Edenshaw, membros do povo indígena Haida que vive na costa norte da Colúmbia Britânica no Canadá e na costa sul do Alasca nos Estados Unidos. A escultura é uma réplica da caixa original, levada do arquipélago Haida Gwaii, no fim do século XIX, para o Museu Pitt Rivers, da Universidade de Oxford, e tem 76 centímetros de altura por um metro e 21 centímetros de largura e 68 centímetros de profundidade.

Trata-se de uma caixa que tem um de seus lados esculpido por representações do rosto do Chefe do Mundo Submarino e da Mulher Camundongo. Não são representações literais, mas sim grafismos esculpidos em baixo relevo, pintados em vermelho, preto e azul claro, que remetem a essas duas entidades.

O que a obra desperta é um efeito chamado pareidolia, que é quando observamos algum objeto e identificamos nele as características de um rosto. Na obra este efeito é intencional, principalmente pela simetria espelhada das formas arredondadas que se apresentam à direita e à esquerda da escultura. Estas formas arredondadas e circulares remetem a olhos e bocas e estão dispostas de modo que, por mais abstratas que sejam, se assemelham a rostos que nos observam com seus vários olhos e sorriem para nós. Há também formas mais longilíneas remetendo a mãos e dedos.

O que temos, mais objetivamente, são contornos pretos mais grossos contornando essas áreas que parecem rostos e olhos, traços vermelhos mais finos fazendo contornos mais delicados e formas alongadas que remetem a mãos, um azul clarinho que preenche essas formas e espaços onde às vezes não há nenhuma tinta, ficando evidente o fundo marrom claro da madeira.

A obra causa um potente efeito de reconhecimento do rosto de figuras humanas que nos observam de sua perspectiva multifacetada.

Guna

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Guna.

Quem somos nós?

“Somos Dule, somos Guna, Olodule e Gungidule” são designações dos Guna.

Sabemos que somos Guna, porque viemos da planície. No tempo dos espanhóis, perguntavam aos nossos avós: Quem és? De onde vens? Com muito orgulho, os Guna respondiam: An gunadola (sou homem de planície, venho da planície).

De onde viemos?

Nossos antepassados nos cantam que “somos um povo que vem dos sopés das montanhas colombianas, explicitamente pelas planícies regadas pelo Amuggadiwar (atualmente rio Atrato, no Departamento Chocó, Colômbia)”. Nessas planícies, nossos avôs e nossas avós deixaram seus primeiros vestígios. Portanto, “não somos desta pequena ilha. Somos de grandes rios… Forças inimigas nos oprimiram e nos levaram a migrar. Nossas terras estão lá, detrás das fronteiras”, diz Horacio Méndez, guia espiritual de Gunayala.

Pelas planícies do rio Atrato viemos caminhando, padecendo de doenças, tecendo histórias, amando a Mãe Terra, atravessando os grandes rios. Seguimos caminhando, cantando e construindo nossa história; praticando os ensinamentos de Ibeorgun, que foi o primeiro okprofeta guna, e consolidando a solidariedade. Em certo momento, nós nos dispersamos, alguns se foram para outras montanhas, outros saíram em direção à costa do mar do Caribe. E muitos ficaram no arquipélago que hoje se denomina Gunayala.

ATILIO MARTÍNEZ - Historiador do povo Guna, do Panamá

A Mola

Nossas avós usavam a mola como bata até o joelho. Era uma peça de algodão, nas cores azul e branca, a parte superior mais larga e a inferior mais estreita, com desenhos geométricos de linhas quebradas, sinuosas, em espiral, paralelas e mistas.

As avós guna nomeavam-nas de acordo com o desenho, como aramola (penas de maritaca), dabumola, disggemola, abgimola, ubsanmola. São molas que se referem ao tempo em que se utilizavam as penas de diversas aves.

Atualmente, em algumas comunidades guna ainda se conservam as molas antigas, tais como goleigamola, yanbinamola, gwimola, suemola, aidimola, usyoggormola e outras.

Contam os antigos que Nele Olonagegiryai encontrou, em Galu Dugbis e em sabbimolanarmaggaled galu, as árvores pintadas em cores vibrantes, seus galhos, suas folhas desenhados com finas figuras coloridas. Cada vez que chegava a esse lugar sagrado, ela aprendia novos desenhos da mola. Logo aplicou a pintura corporal, desenhando nos corpos das mulheres jovens.

Nossas avós extraíam cores de urucum, de jenipapo e de outras substâncias das árvores. E, ainda, “Nana” Giggadiryai utilizou caroços de abacate, o abgi, o gobirgwa e raízes dos mangues para tingir os tecidos e dar cores às suas roupas e às suas redes.

ATILIO MARTÍNEZ - Historiador do povo Guna, do Panamá

Guna.

Quem somos nós?

“Somos Dule, somos Guna, Olodule e Gungidule” são designações dos Guna.

Sabemos que somos Guna, porque viemos da planície. No tempo dos espanhóis, perguntavam aos nossos avós: Quem és? De onde vens? Com muito orgulho, os Guna respondiam: An gunadola (sou homem de planície, venho da planície).

De onde viemos?

Nossos antepassados nos cantam que “somos um povo que vem dos sopés das montanhas colombianas, explicitamente pelas planícies regadas pelo Amuggadiwar (atualmente rio Atrato, no Departamento Chocó, Colômbia)”. Nessas planícies, nossos avôs e nossas avós deixaram seus primeiros vestígios. Portanto, “não somos desta pequena ilha. Somos de grandes rios… Forças inimigas nos oprimiram e nos levaram a migrar. Nossas terras estão lá, detrás das fronteiras”, diz Horacio Méndez, guia espiritual de Gunayala.

Pelas planícies do rio Atrato viemos caminhando, padecendo de doenças, tecendo histórias, amando a Mãe Terra, atravessando os grandes rios. Seguimos caminhando, cantando e construindo nossa história; praticando os ensinamentos de Ibeorgun, que foi o primeiro okprofeta guna, e consolidando a solidariedade. Em certo momento, nós nos dispersamos, alguns se foram para outras montanhas, outros saíram em direção à costa do mar do Caribe. E muitos ficaram no arquipélago que hoje se denomina Gunayala.

ATILIO MARTÍNEZ - Historiador do povo Guna, do Panamá

A Mola

Nossas avós usavam a mola como bata até o joelho. Era uma peça de algodão, nas cores azul e branca, a parte superior mais larga e a inferior mais estreita, com desenhos geométricos de linhas quebradas, sinuosas, em espiral, paralelas e mistas.

As avós guna nomeavam-nas de acordo com o desenho, como aramola (penas de maritaca), dabumola, disggemola, abgimola, ubsanmola. São molas que se referem ao tempo em que se utilizavam as penas de diversas aves.

Atualmente, em algumas comunidades guna ainda se conservam as molas antigas, tais como goleigamola, yanbinamola, gwimola, suemola, aidimola, usyoggormola e outras.

Contam os antigos que Nele Olonagegiryai encontrou, em Galu Dugbis e em sabbimolanarmaggaled galu, as árvores pintadas em cores vibrantes, seus galhos, suas folhas desenhados com finas figuras coloridas. Cada vez que chegava a esse lugar sagrado, ela aprendia novos desenhos da mola. Logo aplicou a pintura corporal, desenhando nos corpos das mulheres jovens.

Nossas avós extraíam cores de urucum, de jenipapo e de outras substâncias das árvores. E, ainda, “Nana” Giggadiryai utilizou caroços de abacate, o abgi, o gobirgwa e raízes dos mangues para tingir os tecidos e dar cores às suas roupas e às suas redes.

ATILIO MARTÍNEZ - Historiador do povo Guna, do Panamá

Vídeo Guna

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Mãe terra - Planta Medicinal (Aggebandur Mola), 2020

Buna Bipi

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Buna Bipi

Mãe terra - Planta Medicinal

Aggebandur Mola

2020

Aplique reverso

36 x 44 cm

Mãe terra - Planta Medicinal (Aggebandur Mola)

É uma obra em tecido da artista Buna Bipi feita em 2020. A obra tem 36 centímetros de altura por 44 centímetros de largura. Buna faz parte da etnia Guna que vive em reservas autônomas no Panamá, e em algumas pequenas aldeias dentro da Colômbia.

A obra é composta com a técnica de aplique reverso, onde se costura um tecido atrás ou no avesso do outro, esse tecido precisa ter uma estampa ou cor diferente do tecido da frente. Depois se corta o tecido da frente revelando a cor ou estampa do tecido de trás. Nesta obra um tecido verde foi costurado atrás de um tecido laranja e delicados padrões foram recortados no tecido laranja revelando o tecido verde atrás dele.

O resultado são quatro quadrantes de padrões feitos por linhas verdes, que ocupam quase toda superfície laranja. Esses quadrantes são simétricos e espelhados. Os dois da direita espelham os da esquerda e os dois de cima espelham os de baixo. É como se percebêssemos de cima um complexo labirinto de caminhos laranjas cercados pelas linhas verdes. Impressiona a precisão e simetria das linhas, entre o tecido verde, ao fundo, e o laranja, à frente. Entre o verde e o laranja há uma costura e uma fina linha preta que contorna a costura.

Mãe terra - Planta Medicinal (Aggebandur Mola)

É uma obra em tecido da artista Buna Bipi feita em 2020. A obra tem 36 centímetros de altura por 44 centímetros de largura. Buna faz parte da etnia Guna que vive em reservas autônomas no Panamá, e em algumas pequenas aldeias dentro da Colômbia.

A obra é composta com a técnica de aplique reverso, onde se costura um tecido atrás ou no avesso do outro, esse tecido precisa ter uma estampa ou cor diferente do tecido da frente. Depois se corta o tecido da frente revelando a cor ou estampa do tecido de trás. Nesta obra um tecido verde foi costurado atrás de um tecido laranja e delicados padrões foram recortados no tecido laranja revelando o tecido verde atrás dele.

O resultado são quatro quadrantes de padrões feitos por linhas verdes, que ocupam quase toda superfície laranja. Esses quadrantes são simétricos e espelhados. Os dois da direita espelham os da esquerda e os dois de cima espelham os de baixo. É como se percebêssemos de cima um complexo labirinto de caminhos laranjas cercados pelas linhas verdes. Impressiona a precisão e simetria das linhas, entre o tecido verde, ao fundo, e o laranja, à frente. Entre o verde e o laranja há uma costura e uma fina linha preta que contorna a costura.

A Flecha (Siggui Mola), 2019

Lonilda Gonzalez

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Lonilda Gonzalez

A Flecha

Siggui Mola

2019

Aplique reverso

Blusa

32 x 40 cm

A Flecha - Siggui Mola

É uma obra da artista Lonilda Gonzalez feita em 2019. A obra tem 32 centímetros de altura por 40 centímetros de largura. Lonilda Gonzalez é membro da etnia Guna que vive em reservas autônomas no Panamá e em algumas pequenas aldeias dentro da Colômbia.

A obra é uma blusa estampada com uma técnica de aplique reverso, onde se costura um tecido atrás ou no avesso do outro. Esse tecido precisa ter uma estampa ou cor diferente do tecido da frente. Depois se corta o tecido da frente revelando a cor ou a estampa do tecido de trás.

O que temos é uma blusa de grandes mangas longas e decote aberto, daquelas que deixam parte do ombro e do colo à mostra. As mangas são largas e bufantes com os punhos justos. O tecido das mangas e do busto é amarelo, delicado e com estampas de flores vermelhas e azuis, sendo que algumas delas têm caules com folhas verdes.

A parte inferior da blusa abaixo do busto, aquela que cobre a cintura e todo o abdômen, é completamente diferente da parte superior e é nesta parte que está o aplique reverso. O aplique reverso aqui é feito com o tecido da parte superior da blusa de fundo, o que forma o desenho de padrões em forma de losangos de traço amarelo e que são preenchidos por grafismos bordados em traços brancos, laranjas, azuis, roxos e pretos. Eles formam um colorido mosaico onde predomina o laranja e o amarelo.

Esses padrões, compostos pela técnica de aplique reverso, estão presentes em quase todas as obras dos artistas Guna.

A Flecha - Siggui Mola

É uma obra da artista Lonilda Gonzalez feita em 2019. A obra tem 32 centímetros de altura por 40 centímetros de largura. Lonilda Gonzalez é membro da etnia Guna que vive em reservas autônomas no Panamá e em algumas pequenas aldeias dentro da Colômbia.

A obra é uma blusa estampada com uma técnica de aplique reverso, onde se costura um tecido atrás ou no avesso do outro. Esse tecido precisa ter uma estampa ou cor diferente do tecido da frente. Depois se corta o tecido da frente revelando a cor ou a estampa do tecido de trás.

O que temos é uma blusa de grandes mangas longas e decote aberto, daquelas que deixam parte do ombro e do colo à mostra. As mangas são largas e bufantes com os punhos justos. O tecido das mangas e do busto é amarelo, delicado e com estampas de flores vermelhas e azuis, sendo que algumas delas têm caules com folhas verdes.

A parte inferior da blusa abaixo do busto, aquela que cobre a cintura e todo o abdômen, é completamente diferente da parte superior e é nesta parte que está o aplique reverso. O aplique reverso aqui é feito com o tecido da parte superior da blusa de fundo, o que forma o desenho de padrões em forma de losangos de traço amarelo e que são preenchidos por grafismos bordados em traços brancos, laranjas, azuis, roxos e pretos. Eles formam um colorido mosaico onde predomina o laranja e o amarelo.

Esses padrões, compostos pela técnica de aplique reverso, estão presentes em quase todas as obras dos artistas Guna.

Huni Kuin

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Huni Kuin.

O espirito da floresta: A música do Nixi Pae.

1

Os Huni Kuin são um povo da floresta amazônica de aproximadamente 12 mil pessoas, que moram de ambos os lados da fronteira entre o Peru e o Brasil. No Acre, os Huni Kuin habitam as margens dos rios Purus, Jordão, Tarauacá, Envira, Muru e Humaitá. Os artistas do MAHKU - Movimento dos Artistas Huni Kuin, vêm do rio Jordão. Diferentemente de parte de seus parentes que, depois de conflitos, fugiram para as cabeceiras dos rios Curanja e Purus, no Peru, no início do século XX, os Huni Kuin do rio Jordão ficaram no Brasil, onde trabalhavam na seringa. Esse trabalho os forçou a deixar suas aldeias para morar em colocações perto das seringueiras, a serem cortadas diariamente. O trabalho para o patrão e a distância que separava as famílias dificultavam a organização das festas tradicionais e a transmissão da língua, das artes, dos conhecimentos rituais.

Essa situação mudou com a demarcação das terras e a expulsão dos patrões da borracha nos anos 1970, e com a organização de cooperativas para o fortalecimento de uma economia independente. É nesses tempos, em que os direitos já tinham sido reconquistados, que uma nova geração de professores huni kuin, como Ibã Sales e Joaquim Maná, começou o trabalho de resgate da cultura e da língua, em estreito diálogo com os parentes do Peru e do Purus.

Hoje em dia, os Huni Kuin ocupam um lugar de destaque na visibilização e divulgação nacional e internacional da vitalidade e força dos povos da floresta, de sua língua, seus cantos, sua cultura, suas imagens.

2

“Nossa sabedoria, nosso espírito é do espírito da floresta; a gente tem espírito da floresta traduzido pelo nixi pae; é tudo vivo, tudo fica olhando, tudo escutando”, explica Ibã, coordenador do MAHKU, do rio Jordão, e renomado pesquisador dos cantos do nixi pae. O nixi pae, ou cipó, é uma poderosa bebida visionária, feita da cocção do cipó com a folha chacrona, chamada kawa. A bebida é conhecida há tempos imemoriais por um grande número de povos indígenas da região do noroeste amazônico, onde, sob o nome de yagé ou ayahuasca, conecta extensas redes de xamãs de povos amazônicos aos xamãs das terras altas nos Andes.

Ibã desenvolve pesquisa sobre os cantos de nixi pae desde os anos 1980. A pesquisa começou na Comissão Pró-Índio do Acre, quando gravou e pesquisou os cantos com seu pai e outros conhecedores antigos e publicou o livro Nixi pae: O espírito da floresta (2006). A partir de 2006, Ibã começou a traduzir as palavras dos cantos em imagens, numa pesquisa colaborativa com seu filho Bane Sales, o primeiro pintor, seus alunos e sobrinhos, e Amilton Mattos, na escola indígena e no campus da floresta da Universidade Federal do Acre. Nas palavras de Ibã: “Não é tradução, eu estou botando no sentido para os estudantes e meu povo sentir e acompanhar esses desenhos”. Cada imagem na tela se refere a uma fórmula, uma frase do canto. Muitas pinturas podem ser feitas a partir de um só canto, porque o significado dos nomes, das palavras, é denso, requer exegese e a narração de muitas histórias. O canto é uma obra aberta, um caminho de entrada num mundo visível para poucos.

Os cantos do nixi pae falam da participação do espírito da gente humana desse espírito maior da floresta que “emenda”, conecta todos os seres, plantas e animais, da terra-floresta, do céu e das águas. A fala de nixi pae vem de longe, é antiga, explica Ibã, do tempo em que chamávamos os animais de txain, cunhado. É a fala antiga desses seres da floresta. Txai é a palavra huni kuin, por excelência, para fazer aliança com outros povos: povos de animais que eram gente e povos estrangeiros que eram inimigos. Por isso, os Huni Kuin ensinam o povo da cidade com quem têm amizade a chamá-los de txai(n).

IBÃ HUNI KUIN - Coletivo MAHKU

ELS LAGROU - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Huni Kuin.

O espirito da floresta: A música do Nixi Pae.

1

Os Huni Kuin são um povo da floresta amazônica de aproximadamente 12 mil pessoas, que moram de ambos os lados da fronteira entre o Peru e o Brasil. No Acre, os Huni Kuin habitam as margens dos rios Purus, Jordão, Tarauacá, Envira, Muru e Humaitá. Os artistas do MAHKU - Movimento dos Artistas Huni Kuin, vêm do rio Jordão. Diferentemente de parte de seus parentes que, depois de conflitos, fugiram para as cabeceiras dos rios Curanja e Purus, no Peru, no início do século XX, os Huni Kuin do rio Jordão ficaram no Brasil, onde trabalhavam na seringa. Esse trabalho os forçou a deixar suas aldeias para morar em colocações perto das seringueiras, a serem cortadas diariamente. O trabalho para o patrão e a distância que separava as famílias dificultavam a organização das festas tradicionais e a transmissão da língua, das artes, dos conhecimentos rituais.

Essa situação mudou com a demarcação das terras e a expulsão dos patrões da borracha nos anos 1970, e com a organização de cooperativas para o fortalecimento de uma economia independente. É nesses tempos, em que os direitos já tinham sido reconquistados, que uma nova geração de professores huni kuin, como Ibã Sales e Joaquim Maná, começou o trabalho de resgate da cultura e da língua, em estreito diálogo com os parentes do Peru e do Purus.

Hoje em dia, os Huni Kuin ocupam um lugar de destaque na visibilização e divulgação nacional e internacional da vitalidade e força dos povos da floresta, de sua língua, seus cantos, sua cultura, suas imagens.

2

“Nossa sabedoria, nosso espírito é do espírito da floresta; a gente tem espírito da floresta traduzido pelo nixi pae; é tudo vivo, tudo fica olhando, tudo escutando”, explica Ibã, coordenador do MAHKU, do rio Jordão, e renomado pesquisador dos cantos do nixi pae. O nixi pae, ou cipó, é uma poderosa bebida visionária, feita da cocção do cipó com a folha chacrona, chamada kawa. A bebida é conhecida há tempos imemoriais por um grande número de povos indígenas da região do noroeste amazônico, onde, sob o nome de yagé ou ayahuasca, conecta extensas redes de xamãs de povos amazônicos aos xamãs das terras altas nos Andes.

Ibã desenvolve pesquisa sobre os cantos de nixi pae desde os anos 1980. A pesquisa começou na Comissão Pró-Índio do Acre, quando gravou e pesquisou os cantos com seu pai e outros conhecedores antigos e publicou o livro Nixi pae: O espírito da floresta (2006). A partir de 2006, Ibã começou a traduzir as palavras dos cantos em imagens, numa pesquisa colaborativa com seu filho Bane Sales, o primeiro pintor, seus alunos e sobrinhos, e Amilton Mattos, na escola indígena e no campus da floresta da Universidade Federal do Acre. Nas palavras de Ibã: “Não é tradução, eu estou botando no sentido para os estudantes e meu povo sentir e acompanhar esses desenhos”. Cada imagem na tela se refere a uma fórmula, uma frase do canto. Muitas pinturas podem ser feitas a partir de um só canto, porque o significado dos nomes, das palavras, é denso, requer exegese e a narração de muitas histórias. O canto é uma obra aberta, um caminho de entrada num mundo visível para poucos.

Os cantos do nixi pae falam da participação do espírito da gente humana desse espírito maior da floresta que “emenda”, conecta todos os seres, plantas e animais, da terra-floresta, do céu e das águas. A fala de nixi pae vem de longe, é antiga, explica Ibã, do tempo em que chamávamos os animais de txain, cunhado. É a fala antiga desses seres da floresta. Txai é a palavra huni kuin, por excelência, para fazer aliança com outros povos: povos de animais que eram gente e povos estrangeiros que eram inimigos. Por isso, os Huni Kuin ensinam o povo da cidade com quem têm amizade a chamá-los de txai(n).

IBÃ HUNI KUIN - Coletivo MAHKU

ELS LAGROU - Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Yube Nawa Aīnbu - A mulher do povo jibóia - Txãī Pūke Ruakē - O cunhado listrado e luminoso - Yame Awa Kawanai - A anta andando de noite, 2018

Coletivo Mahku

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Coletivo Mahku

Yube Nawa Aīnbu

A mulher do povo jibóia

Txãī Pūke Ruakē

O cunhado listrado e luminoso

Yame Awa Kawanai

A anta andando de noite

2018

Tinta de tecido sobre tecido

224 x 592 cm

Yube Nawa Aīnbu - A mulher do povo jibóia

Txãī Pūke Ruakē - O cunhado listrado e luminoso

Yame Awa Kawanai - A anta andando de noite

Esta obra é um tríptico produzido pelo Coletivo Mahku. Um tríptico é, geralmente, um conjunto de três pinturas unidas por uma moldura tríplice, dando o aspecto de serem uma única obra. Cada um das partes desta pintura tem um nome diferente e cada um deles será apresentado primeiro na língua Huni Kuin e depois em português.

Yube Nawa Aīnbu - A mulher do povo jibóia

Txãī Pūke Ruakē - O cunhado listrado e luminoso

Yame Awa Kawanai - A anta andando de noite

A obra é de 2018 e foi composta em tinta sobre tecido, tem 5 metros e 92 centímetros de largura por 2 metros e 24 centímetros de altura.

O tríptico do Coletivo Mahku não tem uma moldura externa, e sim uma moldura pintada no tecido dividindo as imagens. São três imagens diferentes, mas que guardam uma enorme semelhança entre si. Todas elas são bidimensionais, ou seja, apresentam figuras dispostas em superfície plana onde não existe a percepção de volume. Suas cores são vivas e intensas. E retratam personagens e valores próprios da cultura Huni Kuim.

Na primeira delas, da esquerda para direita, A Mulher do Povo Jibóia, se apresentam duas figuras indígenas, uma feminina e outra masculina. Ele tem um cocar azul na cabeça, a expressão serena e seu corpo está todo envolto por uma cobra que é pintada com padrões ovalados brancos com uma mancha preta no centro e contornado por um grosso traço marrom. O corpo da cobra que envolve o homem sai da altura do pescoço da mulher indígena que está à direita dele. Ela tem um leve sorriso nos lábios vermelhos, os olhos grandes e amendoados e um adorno na cabeça com o mesmo padrão do corpo da cobra. Ao fundo há uma árvore, texturas verdes e azuladas que representam diferentes tipos de vegetação e padrões de folhas verdes contornadas por manchas azuis, vermelhas e amarelas que envolvem a cabeça dos dois indígenas.

Na segunda imagem, ao centro, chamada O cunhado listrado e luminoso, há quatro indígenas e um deles se destaca ao centro com um cocar preto e branco que envolve toda sua cabeça. Seu rosto e seu tronco nu estão cobertos por padrões em forma de losangos feitos com um traço preto, seus olhos são grandes e sua expressão é séria. Ao lado dele, à esquerda, há o rosto de uma indígena pintado de azul com uma faixa vermelha na altura do nariz. À direita da figura central há uma pessoa com um adorno alto e redondo na cabeça; seu corpo está repleto de padrões em forma de losangos marrons e verdes e embaixo de seu braço direito ele segura a cabeça de um animal que parece ser um quati. Quem segura o corpo do quati é outra figura, que parece ser uma criança indígena, que está abaixo da figura central e ao lado da pessoa que usa o adorno alto e redondo na cabeça. Ao fundo há uma floresta com animais sobre os galhos das árvores.

Na última pintura, à direita, que chama A anta andando de noite, é possível perceber uma figura indígena em uma mata cercada por animais, entre eles uma anta, que tem o focinho alongado e corpo cinza. O indígena olha sorridente e aponta para a anta; ele está atrás de um galho amarelado com folhas verdes. Neste galho há um tatu. Ao lado do rosto do indígena está escrito “Yame awa kawanai”. Outros quatro animais, menores que a anta, estão próximos do homem; todos são mamíferos quadrúpedes, semelhantes a roedores. Eles estão em uma densa floresta com a vegetação bem verde.

Yube Nawa Aīnbu - A mulher do povo jibóia

Txãī Pūke Ruakē - O cunhado listrado e luminoso

Yame Awa Kawanai - A anta andando de noite

Esta obra é um tríptico produzido pelo Coletivo Mahku. Um tríptico é, geralmente, um conjunto de três pinturas unidas por uma moldura tríplice, dando o aspecto de serem uma única obra. Cada um das partes desta pintura tem um nome diferente e cada um deles será apresentado primeiro na língua Huni Kuin e depois em português.

Yube Nawa Aīnbu - A mulher do povo jibóia

Txãī Pūke Ruakē - O cunhado listrado e luminoso

Yame Awa Kawanai - A anta andando de noite

A obra é de 2018 e foi composta em tinta sobre tecido, tem 5 metros e 92 centímetros de largura por 2 metros e 24 centímetros de altura.

O tríptico do Coletivo Mahku não tem uma moldura externa, e sim uma moldura pintada no tecido dividindo as imagens. São três imagens diferentes, mas que guardam uma enorme semelhança entre si. Todas elas são bidimensionais, ou seja, apresentam figuras dispostas em superfície plana onde não existe a percepção de volume. Suas cores são vivas e intensas. E retratam personagens e valores próprios da cultura Huni Kuim.

Na primeira delas, da esquerda para direita, A Mulher do Povo Jibóia, se apresentam duas figuras indígenas, uma feminina e outra masculina. Ele tem um cocar azul na cabeça, a expressão serena e seu corpo está todo envolto por uma cobra que é pintada com padrões ovalados brancos com uma mancha preta no centro e contornado por um grosso traço marrom. O corpo da cobra que envolve o homem sai da altura do pescoço da mulher indígena que está à direita dele. Ela tem um leve sorriso nos lábios vermelhos, os olhos grandes e amendoados e um adorno na cabeça com o mesmo padrão do corpo da cobra. Ao fundo há uma árvore, texturas verdes e azuladas que representam diferentes tipos de vegetação e padrões de folhas verdes contornadas por manchas azuis, vermelhas e amarelas que envolvem a cabeça dos dois indígenas.

Na segunda imagem, ao centro, chamada O cunhado listrado e luminoso, há quatro indígenas e um deles se destaca ao centro com um cocar preto e branco que envolve toda sua cabeça. Seu rosto e seu tronco nu estão cobertos por padrões em forma de losangos feitos com um traço preto, seus olhos são grandes e sua expressão é séria. Ao lado dele, à esquerda, há o rosto de uma indígena pintado de azul com uma faixa vermelha na altura do nariz. À direita da figura central há uma pessoa com um adorno alto e redondo na cabeça; seu corpo está repleto de padrões em forma de losangos marrons e verdes e embaixo de seu braço direito ele segura a cabeça de um animal que parece ser um quati. Quem segura o corpo do quati é outra figura, que parece ser uma criança indígena, que está abaixo da figura central e ao lado da pessoa que usa o adorno alto e redondo na cabeça. Ao fundo há uma floresta com animais sobre os galhos das árvores.

Na última pintura, à direita, que chama A anta andando de noite, é possível perceber uma figura indígena em uma mata cercada por animais, entre eles uma anta, que tem o focinho alongado e corpo cinza. O indígena olha sorridente e aponta para a anta; ele está atrás de um galho amarelado com folhas verdes. Neste galho há um tatu. Ao lado do rosto do indígena está escrito “Yame awa kawanai”. Outros quatro animais, menores que a anta, estão próximos do homem; todos são mamíferos quadrúpedes, semelhantes a roedores. Eles estão em uma densa floresta com a vegetação bem verde.

Shipibo-Konibo

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Shipibo-Konibo.

Os Shipibo-Konibo da Amazônia peruana.

Os Shipibo-Konibo são uma das etnias indígenas mais populosas da Amazônia Peruana, com cerca de 30 mil pessoas. Vivem distribuídos em mais de 150 aldeias de diferentes escalas, que podem reunir desde algumas famílias até 2 mil habitantes.

Seus principais meios de subsistência são a pesca, a caça, a agricultura e o artesanato.

Um dos aspectos centrais da cultura shipibo-konibo é seu xamanismo sofisticado, marcado pelo uso medicinal de uma extensa variedade de plantas. Nessa cultura, a busca do bem-viver passa por curar-se com a ajuda desses vegetais e de seus espíritos, que têm o poder de afastar doenças e outros perigos.

Ao longo de sua história, os Shipibo-Konibo estiveram em intenso contato com diversos outros povos, amazônicos, andinos e europeus. No período pré-colonial, realizaram importantes trocas e empréstimos culturais com os Incas, que até hoje são figuras centrais em sua mitologia. Durante o processo de invasão e colonização do continente americano pelos europeus, tiveram que resistir a aldeamentos forçados conduzidos por missionários cristãos e à destruição causada pela indústria da borracha na Amazônia ocidental.

Nas últimas três décadas, intensificou-se um fluxo migratório que levou milhares de homens e mulheres shipibo-konibo a se transferirem para Lima, onde construíram a comunidade de Cantagallo. Povoado de artistas, Cantagallo é hoje um espaço de grande efervescência cultural. Nesse cenário, as artes visuais ocupam posição central: constituem, acima de tudo, um potente meio de comunicação entre os Shipibo-Konibo e a sociedade não indígena.

VINÍCIUS DINO - Antropólogo e doutorando em história da arte na University of East Anglia

Kené, os desenhos geométricos Shipibo-Konibo.

No conjunto das expressões artísticas shipibo-konibo, destacam-se os desenhos formados por padrões geométricos complexos, chamados de kené. Aplicados sobre bordados, tecidos, cerâmicas e murais, esses desenhos capturam o olhar e a atenção de quem os observa. A feitura do kené é uma atividade protagonizada pelas mulheres. Os conhecimentos técnicos e estéticos necessários à sua feitura são transmitidos entre parentes, de mãe para filha, de avó para neta, de tia para sobrinha.

Quando jovens, muitas meninas também têm a ajuda das plantas para se tornarem boas desenhistas: suas mães ou avós aplicam em seus olhos, como colírio, uma erva chamada piripiri, que tem o poder de povoar seu pensamento com desenhos. Os bordados são alguns dos principais suportes dessa rede labiríntica. Com uma proposta inventiva, que revela a vitalidade e o poder de transformação da arte dos Shipibo-Konibo, nas obras de Olinda Silvano, Wilma Maynas, Silvia Ripoca, Ronin Koshi Arias Silvano e Dora Inuma Ramírez transpõem para esses tecidos os padrões gráficos do kené. Com isso, expandem seu próprio poder de captura, convidando nossos olhos a percorrer as linhas dessa intrincada trama.

VINÍCIUS DINO - Antropólogo e doutorando em história da arte na University of East Anglia

Shipibo-Konibo.

Os Shipibo-Konibo da Amazônia peruana.

Os Shipibo-Konibo são uma das etnias indígenas mais populosas da Amazônia Peruana, com cerca de 30 mil pessoas. Vivem distribuídos em mais de 150 aldeias de diferentes escalas, que podem reunir desde algumas famílias até 2 mil habitantes.

Seus principais meios de subsistência são a pesca, a caça, a agricultura e o artesanato.

Um dos aspectos centrais da cultura shipibo-konibo é seu xamanismo sofisticado, marcado pelo uso medicinal de uma extensa variedade de plantas. Nessa cultura, a busca do bem-viver passa por curar-se com a ajuda desses vegetais e de seus espíritos, que têm o poder de afastar doenças e outros perigos.

Ao longo de sua história, os Shipibo-Konibo estiveram em intenso contato com diversos outros povos, amazônicos, andinos e europeus. No período pré-colonial, realizaram importantes trocas e empréstimos culturais com os Incas, que até hoje são figuras centrais em sua mitologia. Durante o processo de invasão e colonização do continente americano pelos europeus, tiveram que resistir a aldeamentos forçados conduzidos por missionários cristãos e à destruição causada pela indústria da borracha na Amazônia ocidental.

Nas últimas três décadas, intensificou-se um fluxo migratório que levou milhares de homens e mulheres shipibo-konibo a se transferirem para Lima, onde construíram a comunidade de Cantagallo. Povoado de artistas, Cantagallo é hoje um espaço de grande efervescência cultural. Nesse cenário, as artes visuais ocupam posição central: constituem, acima de tudo, um potente meio de comunicação entre os Shipibo-Konibo e a sociedade não indígena.

VINÍCIUS DINO - Antropólogo e doutorando em história da arte na University of East Anglia

Kené, os desenhos geométricos Shipibo-Konibo.

No conjunto das expressões artísticas shipibo-konibo, destacam-se os desenhos formados por padrões geométricos complexos, chamados de kené. Aplicados sobre bordados, tecidos, cerâmicas e murais, esses desenhos capturam o olhar e a atenção de quem os observa. A feitura do kené é uma atividade protagonizada pelas mulheres. Os conhecimentos técnicos e estéticos necessários à sua feitura são transmitidos entre parentes, de mãe para filha, de avó para neta, de tia para sobrinha.

Quando jovens, muitas meninas também têm a ajuda das plantas para se tornarem boas desenhistas: suas mães ou avós aplicam em seus olhos, como colírio, uma erva chamada piripiri, que tem o poder de povoar seu pensamento com desenhos. Os bordados são alguns dos principais suportes dessa rede labiríntica. Com uma proposta inventiva, que revela a vitalidade e o poder de transformação da arte dos Shipibo-Konibo, nas obras de Olinda Silvano, Wilma Maynas, Silvia Ripoca, Ronin Koshi Arias Silvano e Dora Inuma Ramírez transpõem para esses tecidos os padrões gráficos do kené. Com isso, expandem seu próprio poder de captura, convidando nossos olhos a percorrer as linhas dessa intrincada trama.

VINÍCIUS DINO - Antropólogo e doutorando em história da arte na University of East Anglia

Vídeo Shipibo-Konibo

Encontros Ameríndios

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Conteúdo em vídeo.

Benxoti, 2019

Wilma Maynas Inuma

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Wilma Maynas Inuma

Benxoti

Cura

2019

Bordado sobre tecido

138,5 x 149 cm

Benxoti - Cura

A obra é um bordado sobre tecido feito pela artista Wilma Maynas Inuma em 2019, o tecido é quadrado e tem um metro e 38 centímetros de altura por um metro e 49 centímetros de largura. Wilma Maynas Inuma é do povo indígena Shipibo-Konibo, uma das etnias indígenas mais populosas da Amazônia Peruana.

O bordado é composto majoritariamente pelos grafismos abstratos, chamados de kené. A borda do tecido é preta com um grafismo marrom, seu interior também é marrom e preto, sobreposto por padrões lineares em verde e laranja, esses padrões são completamente simétricos e repetem suas formações por toda a superfície do tecido, sua simetria perfeita demonstra a perícia da artista em seus bordados.

Ao centro do tecido se destaca, em meio aos Kené, um círculo com os mesmo padrões da borda da obra. Dentro dele há um desenho místico: do topo de uma cabeça monstruosa e animalesca: meio onça, meio homem, brota o pescoço e outra cabeça, com expressão serena, lábios vermelhos e as orelhas pontiagudas. À direita e à esquerda dessa figura das duas cabeças há uma mulher de cada lado, a composição de suas figuras é idêntica e espelhada, como se uma estivesse de frente para outra. Elas estão sentadas, tem a pele branca, cabelos negros, lisos e compridos, usam vestido lilás, uma boina rosa e seguram um copo na mão. Esse copo remete ao uso da ayahuasca, bebida usada nos rituais dos Shipibo-Konibo

A onça-pintada é associada às artes gráficas, por conta de sua pele estampada: seu próprio corpo já se encontra coberto de desenhos. Também a ayahuasca proporciona experiências visuais próximas aos grafismos kené: os xamãs contam que, durante as visões provocadas pelo chá da planta, as imagens e espíritos vêm acompanhados de padrões geométricos mais abstratos, tais como os presentes nesta obra.

Benxoti - Cura

A obra é um bordado sobre tecido feito pela artista Wilma Maynas Inuma em 2019, o tecido é quadrado e tem um metro e 38 centímetros de altura por um metro e 49 centímetros de largura. Wilma Maynas Inuma é do povo indígena Shipibo-Konibo, uma das etnias indígenas mais populosas da Amazônia Peruana.

O bordado é composto majoritariamente pelos grafismos abstratos, chamados de kené. A borda do tecido é preta com um grafismo marrom, seu interior também é marrom e preto, sobreposto por padrões lineares em verde e laranja, esses padrões são completamente simétricos e repetem suas formações por toda a superfície do tecido, sua simetria perfeita demonstra a perícia da artista em seus bordados.

Ao centro do tecido se destaca, em meio aos Kené, um círculo com os mesmo padrões da borda da obra. Dentro dele há um desenho místico: do topo de uma cabeça monstruosa e animalesca: meio onça, meio homem, brota o pescoço e outra cabeça, com expressão serena, lábios vermelhos e as orelhas pontiagudas. À direita e à esquerda dessa figura das duas cabeças há uma mulher de cada lado, a composição de suas figuras é idêntica e espelhada, como se uma estivesse de frente para outra. Elas estão sentadas, tem a pele branca, cabelos negros, lisos e compridos, usam vestido lilás, uma boina rosa e seguram um copo na mão. Esse copo remete ao uso da ayahuasca, bebida usada nos rituais dos Shipibo-Konibo

A onça-pintada é associada às artes gráficas, por conta de sua pele estampada: seu próprio corpo já se encontra coberto de desenhos. Também a ayahuasca proporciona experiências visuais próximas aos grafismos kené: os xamãs contam que, durante as visões provocadas pelo chá da planta, as imagens e espíritos vêm acompanhados de padrões geométricos mais abstratos, tais como os presentes nesta obra.

Jakon nete, 2019

Olinda Silvano Inuma

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Olinda Silvano Inuma

Jakon nete

O mundo maravilhoso

2019

Bordado sobre tecido

152 x 128 cm

Jakon nete - O mundo maravilhoso

A obra é um bordado sobre tecido feito pela artista Olinda Silvano Inuma em 2019. O tecido é quadrado e tem um metro e 52 centímetros de altura por um metro e 28 centímetros de largura.

Olinda Silvano Inuma é do povo indígena Shipibo-Konibo, uma das etnias indígenas mais populosas da Amazônia Peruana, com cerca de 30 mil pessoas. São um povo ribeirinho que habita sobretudo as margens do rio Ucayali, um importante afluente do Amazonas. Vivem distribuídos em mais de 150 aldeias de diferentes escalas, que podem reunir desde algumas famílias até 2 mil habitantes.

No conjunto das expressões artísticas dos Shipibo-Konibo, toma destaque sua tradição de desenhos formados por complexos padrões geométricos. Esses grafismos abstratos, chamados de kené, atualmente se desenham principalmente sobre as superfícies de cerâmicas e tecidos, mas, nos tempos antigos, apareciam com frequência também na forma de pintura corporal.

O tecido bordado aqui presente é repleto de kenés e os padrões geométricos deste tecido são bastante simétricos e precisos. Em uma descrição da borda para o centro temos uma moldura marrom escura, uma fina linha branca e depois todo o tecido tem o fundo marrom. Sobre esse fundo há uma fina linha verde, uma padronagem com grafismos feitos com traços alaranjados em forma de losangos com um losango preto no centro deles. Em seguida, outra fina linha verde completa a borda da obra que tem cerca de 10 centímetros.

Depois dessa borda há um grande quadrado de fundo marrom com grafismos marrom claros sobre ele. Os grafismos são mais arredondados, semelhantes a arabescos, só que mais grossos e menos delicados. No centro deste quadrado há um círculo com a borda feita de uma padronagem de losangos em traços vermelhos com o centro amarelo. O círculo é preenchido por ramos verdes mais na borda e amarelos mais ao centro e uma linha vermelha subdivide o círculo em 4 partes iguais.

Todos estes complexos padrões geométricos formam um simétrico mosaico bordado sobre o tecido.

Jakon nete - O mundo maravilhoso

A obra é um bordado sobre tecido feito pela artista Olinda Silvano Inuma em 2019. O tecido é quadrado e tem um metro e 52 centímetros de altura por um metro e 28 centímetros de largura.

Olinda Silvano Inuma é do povo indígena Shipibo-Konibo, uma das etnias indígenas mais populosas da Amazônia Peruana, com cerca de 30 mil pessoas. São um povo ribeirinho que habita sobretudo as margens do rio Ucayali, um importante afluente do Amazonas. Vivem distribuídos em mais de 150 aldeias de diferentes escalas, que podem reunir desde algumas famílias até 2 mil habitantes.

No conjunto das expressões artísticas dos Shipibo-Konibo, toma destaque sua tradição de desenhos formados por complexos padrões geométricos. Esses grafismos abstratos, chamados de kené, atualmente se desenham principalmente sobre as superfícies de cerâmicas e tecidos, mas, nos tempos antigos, apareciam com frequência também na forma de pintura corporal.

O tecido bordado aqui presente é repleto de kenés e os padrões geométricos deste tecido são bastante simétricos e precisos. Em uma descrição da borda para o centro temos uma moldura marrom escura, uma fina linha branca e depois todo o tecido tem o fundo marrom. Sobre esse fundo há uma fina linha verde, uma padronagem com grafismos feitos com traços alaranjados em forma de losangos com um losango preto no centro deles. Em seguida, outra fina linha verde completa a borda da obra que tem cerca de 10 centímetros.

Depois dessa borda há um grande quadrado de fundo marrom com grafismos marrom claros sobre ele. Os grafismos são mais arredondados, semelhantes a arabescos, só que mais grossos e menos delicados. No centro deste quadrado há um círculo com a borda feita de uma padronagem de losangos em traços vermelhos com o centro amarelo. O círculo é preenchido por ramos verdes mais na borda e amarelos mais ao centro e uma linha vermelha subdivide o círculo em 4 partes iguais.

Todos estes complexos padrões geométricos formam um simétrico mosaico bordado sobre o tecido.

Ficha técnica da exposição

O Sesc Vila Mariana apresenta a exposição Encontros Ameríndios, de 31/07/21 a 13/02/22, que tem a coordenação de Sylvia Caiuby Novaes e curadoria de Aristoteles Barcelos Neto, com a proposta de explorar possibilidades dialógicas a partir do encontro entre as artes dos povos Haida e Tahltan (Canadá), Guna (Panamá), Shipibo Konibo (Peru) e Huni Kuin (Brasil).

A exposição, incluindo pinturas, desenhos, arte digital, bordados e entalhe em madeira, apresenta obras do Coletivo MAHKU Huni Kuin, da Terra Indígena Alto Rio Jordão, no Acre (Brasil); das artistas Shipibo-Konibo Olinda Silvano, Wilma Maynas, Silvia Ripoca, Ronin Koshi Arias Silvano e Dora Inuma Ramírez do Alto Ucayali e da Comunidade de Cantagallo em Lima no Peru; das artistas Guna Ana Bella Fernandez, Angelmira Owens Perez, Benilda Mores, Briseida Iglesias, Buna Bipi, Conciencia Grace Rodriguez, Gardel, Edita Lopez, Emilsy Fernandez, Flor Fernandez, Gilda Tejada, Lea Amelta Tejada, Lonilda Gonzalez, Lucrecia Places, Rosalia Tejada e Victoria Gonzalez da Comarca Guna Yala no Panamá; dos artistas Haida Gwaai Edenshaw e Jaalen Edenshaw do Arquipélogo de Haida Gawaii no Canadá; e do artista Tahltan Alano Edzerza de Telegraph Creek também no Canadá.

A escolha das obras se baseia em dois caminhos, sendo um deles o estudo curatorial aprofundado dos povos originários e suas obras, e o outro, a tradução intercultural das ideias e motivações de seus artistas por trás de suas produções, com o objetivo de trazer a criatividade individual dos artistas, as mudanças em suas obras ao longo do tempo, o universo temático abordado por cada um, as preferências plásticas e estéticas e as questões filosóficas e cosmológicas das artes desses povos ameríndios. O processo curatorial foi guiado a partir das biografias e reflexões dos artistas indígenas tendo como uma das preocupações o protagonismo de seus autores.

Assim, a exposição se propõe, por meio de reflexões e ações educativas, estimular e ampliar o conhecimento sobre os povos originários e suas artes, apresentando suas diferentes comunidades, filosofias e cosmovisões existentes, trazendo convergências e desafios que tornam os mundos ameríndios reconhecíveis e comunicáveis entre si.

FICHA TÉCNICA

SESC – SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO

Administração Regional no Estado de São Paulo

PRESIDENTE DO CONSELHO REGIONAL

Abram Szajman

DIRETOR DO DEPARTAMENTO REGIONAL

Danilo Santos de Miranda

SUPERINTENDENTES

TÉCNICO-SOCIAL Joel Naimayer Padula

COMUNICAÇÃO SOCIAL Ivan Paulo Giannini

ADMINISTRAÇÃO Luiz Deoclécio M. Galina

ASSESSORIA TÉCNICA E DE PLANEJAMENTO Sérgio José Battistelli

GERENTES

ARTES VISUAIS E TECNOLOGIA Juliana Braga de Mattos

ESTUDOS E PROGRAMAS SOCIAIS Cristina Madi

ESTUDOS E DESENVOLVIMENTO Marta Raquel Colabone

ARTES GRÁFICAS Hélcio Magalhães

DIFUSÃO E PROMOÇÃO Marcos Ribeiro de Carvalho

SESC DIGITAL Fernando Amodeo Tuacek

SESC VILA MARIANA Érika Mourão Trindade Dutra

EQUIPE SESC

Adriano Alves, Alexandre Tremanti, Aline Moreira Tafner, Ana Carla de Assis Ribeiro, Camila Paes, Carlos Curado, Carolina Barmell, Carolina Rios, Célia Tucunduva, Claudia Souza, Cristiane Ferrari, Danny Abensur, Elisangela Silva Santana, Elmo Sellitti Rangel, Estevão Denis Silveira, Fernando Hugo C. Fialho, Karina Musumeci, Kelly Teixeira, Kleber Araújo, Jefferson Pereira, João Paulo Leite Guadanucci, Leonardo Borges, Maurício Rodrigues da Silva, Mayra Claudia Gregorio, Natália dos , Nilva Luz, Patricia Dini, Priscila Lourenção, Rachel Sciré, Rafael Duarte, Ricardo Herculano, Sandra Leibovici, Sara Centofante, Suellen Barbosa, Tatiana Amaral, Tatiane Pellegrino de Souza e Thais Franco

ENCONTROS AMERÍNDIOS

COORDENAÇÃO Sylvia Caiuby Novaes (CEstA - Centro de Estudos Ameríndios, USP) e Marina Marcela Herrero

CURADORIA Aristoteles Barcelos Neto (Professor associado na University of East Anglia)

ETNIAS E ARTISTAS TAHLTAN – Alano Edzerza, HAIDA – Gwaai Edenshaw e Jaalen Edenshaw, GUNA – Ana Bella Fernandez, Angelmira Owens Perez, Benilda Mores, Briseida Iglesias, Buna Bipi, Conciencia Grace Rodriguez, Gardel, Edita Lopez, Emilsy Fernandez, Flor Fernandez, Gilda Tejada, Lea Amelta Tejada, Lonilda Gonzalez, Lucrecia Places, Rosalia Tejada e Victoria Gonzalez, SHIPIBO KONIBO - Olinda Silvano, Wilma Maynas, Silvia Ricopa, Ronin Koshi Arias Inuma e Dora Inuma Ramírez, HUNI KUIN - Coletivo Mahku

PRODUÇÃO EXECUTIVA Prata Produções – Valeria Prata

PRODUÇÃO Fabiana Farias

PRODUÇÃO VIDEOGRÁFICA Marina Marcela Herrero, El Ambulante Audiovisual, Jefferson de Souza Vasconcellos

EXPOGRAFIA Estúdio Marcio Medina

ASSISTÊNCIA DE EXPOGRAFIA Maira Takiy e Sofia Villela

PROJETO GRÁFICO E COMUNICAÇÃO VISUAL Estúdio Daó

PRODUÇÃO DE COMUNICAÇÃO VISUAL Insign

FOTOGRAFIAS Everton Ballardin, Maurício Azzolini e Mike Peckett

ASSISTENTE Tiago Baccarin

PROJETO DE ILUMINAÇÃO André Boll

PROJETO ELÉTRICO E ENGENHARIA Jarreta Projetos

AÇÃO EDUCATIVA Carolina Velasquez

MONTAGEM FINA Manuseio

LAUDOS DE CONSERVAÇÃO Angela Freitas

REVISÃO DE TEXTOS Regina Stocklen

SEGURO Pro Affinitè Consultoria e Corretagem de Seguros Ltda.

ACESSIBILIDADE Mais Diferenças, Musea

CENOGRAFIA Mercio Dias ME

PRODUÇÃO EXECUTIVA – PESQUISA DE CAMPO Uato Artes Cênicas - Ulysses Fernandes

PESQUISA DE CAMPO Acre/Brasil Els Lagrou e Hamilton de Mattos (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Vancouver/Canadá Max Carocci (Chelsea College of Art, University of the Arts, Londres) Guna Yala e Cidade do Panamá (Panamá) Atilio Martínez (historiador do povo Guna, Panamá)


Aristoteles Barcelos Neto
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