“O que dizer desse metal amarelo e opaco que leva homens a abandonar seus lares, vender seus pertences e cruzar um continente, a fim de arriscar suas vidas, seus corpos e sua sanidade por causa de um sonho?” - Sebastião Salgado
Um morro que se transformou em cratera e a cratera que se findou lago, assim foi o processo de exploração da mina de ouro conhecida como Pelada. Desde sua descoberta em 1979, o local, na atual cidade de Curionópolis, chegou a receber 50 mil garimpeiros, de diversas partes do país, em busca do mesmo sonho: enriquecer. O “formigueiro humano”, que recebeu o título de maior mina a céu aberto do mundo, tinha um fluxo intenso de trabalho, com condições precárias e muitos olhos atentos. Tudo o que era retirado da terra tinha roteiro e destino final, e cada metro quadrado um dono. Com 200 metros de diâmetro e mesma profundidade, o garimpo era repartido em lotes de 2x3 metros, e os trabalhadores divididos segundo suas funções: meia-praça, cavador, apontador, apurador e o formiga. Não eram permitidas mulheres, armas e álcool, sendo os policiais federais responsáveis por conter a violência.
Em 1986, neste ambiente de tensão e esperança, chegava na região Sebastião Salgado, fotógrafo que tinha no currículo trabalhos para agência Magnum e registros icônicos como o do atentado ao presidente norte-americano Ronald Reagan. Na exposição “Gold – Mina de Ouro Pelada” os visitantes reencontram esta história, na qual o mineral protagoniza momentos abruptos no itinerário antrópico: a movimentação de massas humanas, mudanças ambientais e marcas permanentes na sociedade. Em 56 fotografias, é possível acompanhar o olhar de Salgado pelas diversas vidas que passaram, permaneceram ou se perderam no garimpo paraense. As trilhas encravadas na cratera, os garimpeiros com sacos de terra nas escadas de madeira (apelidadas sugestivamente de “adeus mamãe”), o sobe e desce de corpos cobertos de lama e suor, o desapontamento em cada vão aberto sem uma pepita achada e a euforia quando do encontro com um lampejo dourado.
A paisagem de Pelada que Sebastião Salgado apresenta nesta exposição revela as aflições, alegrias e os anseios de um povo que largou suas vidas e suas famílias para irem desbravar uma terra com configurações inóspitas e de futuro incerto. “O ouro é um amante imprevisível. Enquanto alguns garimpeiros afortunados partiram da Pelada com dinheiro, compraram fazendas e empresas e nunca se sentiram traídos, outros, que encontraram ouro e pensaram que havia mais fortunas esperando por eles, acabaram, por fim, perdendo tudo o que tinham obtido. Com o amigo do meu pai aconteceu isso. Ele achou 97 kg de ouro, reinvestiu seus ganhos em novos lotes e equipes adicionais de peões para, no fim, deixar a mina de mãos vazias” – comenta o fotógrafo.
Com curadoria e design de Lélia Wanick Salgado, fotografias inéditas guardadas há trinta anos chegam a público, revelando a dimensão e a egrégora por trás deste capítulo importante da história nacional. Pelada permanece na memória coletiva e na visão de Sebastião Salgado como uma das mais impetuosas incursões humanas impelidas pela ambição. “Por uma década, ela evocou o El Dorado há muito prometido, mas, atualmente, essa corrida do ouro mais selvagem que o Brasil já teve se tornou apenas uma lenda, que permanece viva por meio de algumas lembranças felizes, muitos arrependimentos dolorosos — e fotografias”.
SESC — Serviço Social do Comércio
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Presidente do Conselho Regional
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Diretor do Departamento Regional
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Técnico-social
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Comunicação
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Assessoria Técnica e de Planejamento
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Artes Visuais e Tecnologia
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Estudos e Desenvolvimento
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Artes Gráficas
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Sesc Guarulhos
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GOLD
Mina de Ouro Pelada
Fotografias
Sebastião Salgado
Curadoria e design
Lélia Wanick Salgado
Equipe
Françoise Piffard e Marcia Navarro Mariano
Printer
Olivier Jamin
Equipe Sesc
Alex Anastácio, André Locateli, Cherrye Mendes, Cleizer Marques, Eduardo Freitas, Fabiana Monteiro, Fernanda Paccanaro, Izaidis Junior, Johnny Abila, Julia Stabel, Juliana Okuda, Leonardo Borges, Marcus Rocha, Nelson Modolo, Tina Cassie, Valmir da Silva, William Mota
Projeto de arquitetura
Ávaro Razuk
Equipe
Daniel Winnik, Ligia Zilberstejn e Tábata Sung
Identidade visual
Alexandre Benoit
Impressões
Marcos Ribeiro (Estúdio Digital)
Projeto de iluminação
Fernanda Carvalho
Assistente
Cristina Souto
Produção
Maré Produções Culturais
Coordenação
Adelaide D’Esposito
Produção de montagem
Oceano Produções de Eventos - Matheus Barbella e Rafael G. Alves
Montagem de Luz
Spot Light Locações
Ação educativa
Karen Montijo
Projeto de acessibilidade
Mais Diferenças
Lélia Wanick Salgado
Curadoria
